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CAFEÍNA E SUA AÇÃO ERGOGÊNICA

Por Isabella Brescia

A utilização de suplementos nutricionais como recursos ergogênicos tem sido empregada por meio de manipulações dietéticas capazes de retardar o aparecimento da fadiga e aumentar o poder contrátil do músculo esquelético e/ou cardíaco, aprimorando, portanto, a capacidade de realizar trabalho físico, ou seja, o desempenho atlético. Os principais efeitos desejáveis obtidos com o uso de tais suplementos incluem aumento das reservas energéticas, aumento da mobilização de substratos para os músculos ativos durante os exercícios físicos, aumento do anabolismo proteico, diminuição da percepção subjetiva de esforço e reposição hidroeletrolítica adequada. Nesse sentido, a cafeína tem sido utilizada com grande frequência, de forma aguda, previamente à realização de exercícios físicos, com o intuito de protelar a fadiga e consequentemente aprimorar o desempenho físico, principalmente em atividades de longa duração.

A cafeína é uma substância rapidamente absorvida pelo intestino, atingindo sua concentração máxima na corrente sanguínea entre 15 e 120 minutos após a sua ingestão. Sua ação pode atingir todos os tecidos, pois o seu carreamento é feito via corrente sanguínea, sendo posteriormente degradada pelo fígado e excretada pela urina na forma de coprodutos. Ela acelera os batimentos cardíacos, estimula o cérebro, aumenta o fluxo urinário, a produção de ácidos digestivos, relaxa os músculos lisos e os que controlam os vasos sanguíneos e as vias respiratórias.

Apesar de apenas uma pequena quantidade de cafeína ser excretada (0,5 a 3%), sem alteração na sua constituição química, sua detecção na urina é relativamente fácil. Vale ressaltar que alguns fatores como a genética, a dieta, o uso de algumas drogas, o sexo, o peso corporal, o estado de hidratação, a prática de exercícios físicos, podem afetar o metabolismo da cafeína e, consequentemente, influenciar na quantidade de cafeína total excretada pela urina.

A cafeína tem sido considerada um ergogênico nutricional por estar presente em vários produtos consumidos diariamente, como o café, refrigerantes, chás e chocolates, embora não apresente qualquer valor nutricional, sendo classificada como uma droga com efeitos farmacológicos de ação estimulante presente também em alguns medicamentos.

Quando utilizada dentro dos limites de 3 a 6 mg por quilograma de peso corporal, a cafeína vem a ser uma substância efetiva para a melhora do desempenho físico, podendo ou não ser utilizada por um tempo contínuo, dependendo da gama de fatores que influenciam o usuário como o tipo de exercício físico utilizado, o estado nutricional, o estado de aptidão física individual, além da tolerância à cafeína. Com base nos estudos mais recentes, nota-se a melhora no desempenho físico em atividades de longa duração e baixa intensidade, bem como nas de curta duração e alta intensidade. Com relação à força muscular, estudos recentes têm apontado um aumento da força muscular acompanhado de uma maior resistência à instalação do processo de fadiga muscular após a ingestão de cafeína.

Baixas doses de cafeína estão associadas a poucos ou nenhum efeito colateral. A ingestão de 3 mg/kg  de  cafeína produziu  efeitos  colaterais durante  as horas  seguintes  à  ingestão, principalmente relacionadas a distúrbios do sono. A administração de cafeína no final da tarde (17:00 horas) levou a interrupções significativas, incluindo uma maior dificuldade em adormecer  (início  prolongado  do  sono),  diminuição  da  proporção  de  tempo  gasto  adormecido (eficiência  do  sono  reduzida),  bem  como  menor  tempo  total  de  sono  e  sono  REM  (rapid  eyes movement). Esses resultados podem ser prejudiciais à recuperação e adaptação de treinamento para atletas, especialmente durante torneios onde o uso de cafeína pode abranger vários dias consecutivos. Além dos distúrbios do sono doses excessivas de cafeína podem provocar ansiedade, irritação, aceleração dos batimentos cardíacos, tremores e aumento da frequência urinária.

Referência Bibliográfica

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