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NUTRIÇÃO PARA PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS

Por Isabella Brescia

Todas as pessoas precisam ter uma alimentação saudável e balanceada para se manterem saudáveis. No caso dos indivíduos portadores de necessidades especiais (PNE), independentemente de qual seja a deficiência, a pessoa portadora de algum tipo de problema de saúde crônico tem de ser ainda mais vigilante, a fim de não agravar o seu quadro atual ou desenvolver novos problemas.
O plano alimentar deve, naturalmente, considerar qual é o tipo de deficiência da pessoa, para que a alimentação seja usada como aliada no processo de cura ou de manutenção de uma condição física com mais qualidade de vida e bem-estar.
Tratando-se de crianças portadoras de necessidades especiais e dos responsáveis por essas crianças, a disponibilidade, o estar atento às suas angústias e incertezas, o saber ouvir e, sobretudo, decidir com ela sobre a melhor conduta em relação à alimentação de seu filho, são aspectos que devem ser considerados pelo profissional de saúde que se propõe a atender esse grupo populacional.
A dificuldade motora básica pode afetar a função motora oral da boca até o estômago, que chamamos de disfagia. A disfagia altera a segurança no transporte do alimento, com risco ou ocorrência de desnutrição, desidratação, aspiração e pneumonia.
Estes sintomas acabam gerando uma situação de tensão e ansiedade, o que torna o ato de comer difícil, cansativo e de pouco prazeroso. Por isso, o nutricionista deve estar preparado para estas situações, incentivando os PNE a se alimentar, buscando alternativas para os problemas encontrados, sendo importante oferecer ao paciente alimentos de fácil mastigação e melhor tolerados por ele.
No caso de deficiência física, é fundamental ter um plano alimentar que contribua para a manutenção do peso, fortalecimento da musculatura e do equilíbrio na ingestão de gorduras e açúcares. Isso porque a pessoa portadora de deficiência física tem a locomoção reduzida e, por isso, tende a ganho de peso, ter comprometidos alguns grupos musculares e o acúmulo de gordura na região abdominal.
A deficiência pode se apresentar de diversas formas e cada uma delas merecerá um acompanhamento individualizado que analise de maneira específica a condição de cada um e, determine o plano alimentar adequado para cada circunstância.

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TIPOS DE COLÁGENO E SEUS BENEFÍCIOS

Por Isabella Brescia

O colágeno é a proteína mais abundante no organismo humano, representa em média 35% das proteínas do corpo. Responsável por promover estrutura, firmeza e elasticidade dos tecidos conectivos como pele, cartilagens, tendões e ossos, é de grande importância para a saúde da matriz de nossas células, favorecendo a saúde e funcionalidade de tecidos corporais.

O colágeno é produzido de maneira natural pelo corpo, mas com o passar dos anos, a capacidade do organismo de se reabastecer naturalmente diminui cerca de 1,5% ao ano. Buscar alimentos que sejam ricos em proteínas e micronutrientes específicos é importante, pois durante o processo de digestão desses alimentos, seus componentes são absorvidos pelo organismo e utilizados na produção do colágeno do qual está precisando.

As matérias-primas necessárias para a síntese do colágeno são:

  • Boas fontes proteicas (aminoácidos): proteínas animais e vegetais
  • Vitamina C: frutas cítricas, berries, folhas verdes;
  • Vitamina A: vísceras, gema de ovo, leite integral, alimentos amarelo (manga, mamão, caju, cenoura, milho, abóbora moranga), vegetais verde escuro (couve, mostarda, espinafre, brócolis, folhas de beterraba e cenoura, chicória, alface e agrião);
  • Selênio: castanhas de modo geral, com destaque para a castanha do Pará, trigo integral, ovos;
  • Zinco: castanhas, frutos do mar, leguminosas;
  • Cobre: frutos do mar, gérmen de trigo, castanhas, carne vermelha e outros;

Já foram identificados quase 30 tipos distintos de colágeno, mas apenas quatro são realmente conhecidos e estudados:

Colágeno tipo I ou hidrolisado

Esse é um dos tipos de colágenos mais conhecidos e também é o mais abundante em nosso organismo. Encontrado em ossos, dentes, tendões e pele, se apresenta sob uma forma de fibras grossas, sendo o tipo mais resistente a tensões de diferentes naturezas. É uma molécula bem menor e que possui uma absorção facilitada, principalmente na forma de peptídeos de colágeno, como é mais encontrado hoje.

Na forma de suplemento, geralmente a proteína é extraída de bovinos (pele, couro, cartilagens e até dos ossos).

O suplemento pode ser recomendado para:

  • Melhorar a firmeza e elasticidade da pele;
  • Combater a flacidez e prevenir o aparecimento de estrias;
  • Fortalecer as articulações;
  • Fortalecer as unhas e o cabelo;
  • Melhorar o tratamento da osteoporose.

A sugestão média de consumo é de 8 a 10g dia.

Colágeno tipo II

O colágeno tipo II é encontrado principalmente nas cartilagens e se associa a outras células da matriz extracelular. Não desnaturado e não hidrolisado, ou seja, com sua estrutura intacta necessária à sua atividade no organismo. Por ser hidrofílico, ou seja, ter capacidade de se ligar com a água, ele funciona como uma esponja, cedendo água quando é pressionado e voltando à sua forma original quando a pressão diminui.

De maneira popular, podemos dizer que o colágeno do tipo II age como uma mola, o que permite suportar pesos e ainda gerar impulsos, como é o caso da articulação dos joelhos.

 A sugestão de consumo é de 40mg.

Seu consumo é sugerido para:

  • Melhorar a saúde das articulações;
  • Diminuir a dor e melhorar a mobilidade;

Colágeno tipo III

Esse tipo de colágeno é muito encontrado em vasos sanguíneos de calibres mais grossos, como é o caso das artérias. Além disso, o colágeno do tipo III está presente em musculaturas lisas, como a do intestino e do útero, e em órgãos específicos, como rins, baço e fígado.

As fibras desse tipo específico de colágeno apresentam elasticidade para servir como um amortecedor natural visando sustentação e proteção aos nossos órgãos internos.

Colágeno tipo IV

O colágeno do tipo IV é formado por moléculas que não se associam em fibras, mas se prendem umas às outras por meio de suas extremidades, formando assim uma rede semelhante a uma tela de arame ou uma teia de aranha. Ao se associar dessa maneira, promovem força e saúde à matriz de basicamente todas as células do nosso corpo.

colágeno hoje é um dos suplementos mais buscados e consumidos, mas ainda gera algumas dúvidas, principalmente em relação a sua origem. Então para reforçar, colágeno é uma proteína de origem animal, não existindo no reino vegetal. Para produção dos suplementos, bovinos, frango e peixe são as principais fontes.

Também já é possível encontrar os chamados precursores de colágeno, que são suplementos formados por diversos nutrientes que irão estimular a produção do colágeno diretamente pelo organismo. Na sua composição encontram-se aminoácidos, vitaminas, minerais e antioxidantes que serão usados como base para o organismo produzir essa proteína de forma natural.

O que vale sempre destacar é que para melhores resultados é sempre importante manter uma alimentação saudável, a prática regular de atividade física e uma boa hidratação, assim como um acompanhamento com um Nutricionista para recomendações e prescrições individualizadas.

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DOENÇA DE CROHN E RETOCOLITE ULCERATIVA

Por Isabella Brescia*

Esses distúrbios causam inflamação crônica no Trato Gastrintestinal (TGI), na porção do intestino onde ocorre a digestão e a absorção de nutrientes. A inflamação contínua provoca sintomas, como dor abdominal e cólica, diarreia, sangramento retal, perda de peso e fadiga.

Ao receber pela primeira vez o diagnóstico de Doença de Crohn ou Retocolite Ulcerativa, você precisará fazer escolhas. Para muitas pessoas com Doença de Crohn ou Retocolite Ulcerativa, chamadas conjuntamente de Doença Inflamatória Intestinal (DII), o simples ato de comer não pode mais ser realizado sem atenção. Como a DII altera o sistema digestivo, a dieta e a nutrição são afetadas de várias maneiras, pois certos alimentos podem piorar os sintomas. Deve-se ter atenção para evitar os alimentos que piorem ou desencadeiem os sintomas da doença. Além disso, é importante aprender a fazer escolhas alimentares saudáveis, repor as deficiências nutricionais e manter uma dieta balanceada e rica em nutrientes.

A inflamação no intestino delgado da pessoa com Doença de Crohn interfere na digestão (quebra dos alimentos) e absorção dos nutrientes. Alimentos digeridos de forma incompleta que passam através do cólon causam diarreia e dor abdominal. No indivíduo com Retocolite Ulcerativa, o intestino delgado funciona normalmente, mas o cólon inflamado não absorve água adequadamente, o que resulta em diarreia, maior urgência para evacuar e aumento da frequência das evacuações.

Em períodos de crise da doença, sintomas como diarreia, urgência para evacuar, dor abdominal, náuseas, vômitos, sangue nas fezes, constipação, perda de apetite, fadiga e perda de peso afetam negativamente o estado nutricional. A diarreia grave pode causar desidratação, privando o corpo de fluidos, nutrientes e eletrólitos (sódio, potássio, magnésio e fósforo). Portadores de Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa geralmente têm apetite reduzido, como resultado de náusea, dor abdominal ou sensação de sabor alterado. Sintomas que dificultam a ingestão de calorias e a obtenção de nutrientes suficientes. Além disso, a necessidade de evacuar muitas vezes em um dia pode fazer com que a pessoa com DII evite comer demais, a fim de prevenir o efeito gastrocólico. Ao comer muito pouco, o indivíduo corre o risco de tornar-se desnutrido.

Outro possível sintoma da DII é o sangramento retal resultante de feridas (ulcerações) que se formam no revestimento interno do trato intestinal e levam à perda de sangue. Quando crônica, essa perda de sangue pode eventualmente provocar anemia, que, se não for controlada, é capaz de causar fadiga. Além disso, o processo inflamatório na Doença de Crohn e na Retocolite Ulcerativa resultam em aumento no consumo da energia armazenada e na degradação dos tecidos do corpo, ocasionando a perda de peso, apesar da ingestão calórica adequada.

A densidade mineral óssea reduzida (baixa massa óssea) é comum em crianças, adolescentes e adultos com DII. A forma grave de densidade mineral óssea reduzida (osteoporose) aumenta o risco de fraturas. Isso pode ser devido à ingestão insuficiente de cálcio, baixa absorção de cálcio, deficiência de vitamina D, atividade física reduzida, inflamação e/ou utilização prolongada de medicamentos, como corticosteroides (conforme exposto anteriormente). O cálcio ajuda a formar e manter ossos e dentes saudáveis, enquanto a vitamina D é necessária para ajudar o corpo a utilizar o cálcio.

Em algumas pessoas com Doença de Crohn, a inflamação crônica no intestino pode fazer com que as paredes do órgão se estreitem e também formem tecido cicatricial. Esse tecido cicatricial pode causar estreitamento, o que dificulta a passagem dos alimentos digeridos através do intestino. O estreitamento do intestino é chamado de estenose entérica. Modificações alimentares, como dieta com pouca fibra ou líquida, juntamente com medicação, podem ser necessárias se a estenose for principalmente inflamatória. Se o estreitamento for provocado principalmente por tecido cicatricial, pode ser necessário fazer uma cirurgia para aumentar ou remover a parte estreitada. Frequentemente prescreve-se dieta com pouca fibra ou líquida até a cirurgia ser realizada.

NUTRIÇÃO NO MANEJO DAS DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS

Não há evidências que sugiram que qualquer alimento ou dieta particular cause, previna ou cure a DII. A presença de uma doença crônica ativa, como a Doença de Crohn ou a Retocolite Ulcerativa, tende a aumentar os requisitos de calorias, nutrientes e energia do organismo. Durante as crises da doença, pode ser difícil manter a nutrição adequada. No entanto, manter uma boa nutrição ajuda a melhorar o bem-estar geral, promover a cicatrização e aumentar a imunidade, elevar os níveis de energia, além de aliviar alguns sintomas gastrintestinais.

Muitos indivíduos com DII podem consumir uma dieta normal durante os períodos de remissão da doença, mas precisam alterar a dieta durante as crises. Todavia, outras pessoas com DII, como pacientes com estenoses intestinais, precisarão permanecer com uma dieta modificada até que a estenose seja tratada com sucesso, de forma clínica ou cirúrgica. Uma dieta individualizada é fundamental para controle dos sintomas.

A dieta individualizada deve levar em consideração os seguintes aspectos:

  • Sintomas (diarreia, constipação, dor abdominal etc.)
  • Se a pessoa está em remissão ou em crise da doença
  • Localização da doença
  • Presença de estreitamento no intestino delgado (estenoses)
  • Qualquer cirurgia prévia
  • Se há deficiências nutricionais específicas (como a de ferro)

Durante as crises, certos alimentos ou bebidas podem irritar o trato digestivo e agravar os sintomas. Nem todas as pessoas com DII são afetadas pelos mesmos alimentos, por isso pode ser necessário experimentar para descobrir quais deles mais afetam os sintomas. Manter um diário de alimentação pode ajudar você a rastrear como sua dieta se relaciona com seus sintomas e a identificar os alimentos desencadeantes.

As dietas de eliminação (que evitam alimentos desencadeantes) são empregadas para determinar quais alimentos devem ser evitados ou reduzidos. Isso envolve a remoção sistemática de alimentos ou ingredientes que podem estar causando sintomas. É importante fazer isso sob a supervisão de seu médico e de um nutricionista para ter certeza de que esse procedimento está sendo feito corretamente, sem causar desnutrição. Ao eliminar alimentos, é importante substituí-los por outros que forneçam os mesmos nutrientes. Por exemplo, ao eliminar produtos lácteos, certifique-se de obter cálcio e vitamina D de outras fontes.

Fibra

A fibra dietética é encontrada em alimentos vegetais, como frutas, verduras e legumes, além de grãos. Ela é essencial à saúde e à digestão. Para muitas pessoas com DII, o consumo de fibra durante os períodos de crise da doença ou estenoses pode causar cólicas abdominais, inchaço e piora da diarreia. Mas nem todas as fontes de fibra provocam esses problemas, e algumas podem ajudar nos sintomas da DII.

A fibra solúvel (com capacidade de retenção de água) ajuda a absorver água no intestino, diminuindo o tempo de trânsito dos alimentos. Isso pode ajudar a reduzir a diarreia ao formar uma consistência semelhante ao gel e atrasar o esvaziamento do intestino.

A fibra insolúvel não retém água. É mais difícil de digerir, porque puxa a água para o intestino e faz o alimento se mover mais rapidamente através dele. Essa fibra é encontrada nas cascas dos alimentos como maçãs, sementes e grãos, além de vegetais folhosos. O consumo de fibra insolúvel pode agravar os sintomas da DII por causar mais inchaço, diarreia, gases e dor. Quando há inflamação grave ou estreitamento, o consumo de fibras insolúveis pode causar piora de sintomas e bloqueio no trato intestinal.

A maioria dos alimentos contém uma combinação de fibras, por isso cozinhar, descascar e remover sementes e grãos é importante para os pacientes que estão em crise e precisam reduzir a ingestão de fibras insolúveis.

Lactose

A intolerância à lactose é uma condição em que o corpo não digere adequadamente a lactose, o açúcar presente no leite e nos produtos lácteos. Algumas pessoas com DII podem ser intolerantes à lactose. Além disso, alguns portadores de DII podem só ter problemas com a digestão da lactose durante a crise ou após a remoção cirúrgica de um segmento do intestino delgado.

A má digestão da lactose pode provocar cólicas, dor abdominal, gases, diarreia e inchaço. Como os sintomas da intolerância à lactose se assemelham aos da DII, pode ser difícil reconhecer essa intolerância. A gravidade dos sintomas dependerá da quantidade de lactose que o indivíduo pode tolerar. Enquanto algumas pessoas conseguem consumir pequenas quantidades de leite, outras podem precisar evitá-lo completamente.

A lactase é a enzima responsável pela quebra da lactose nos alimentos lácteos e seus derivados. Os suplementos de lactase podem ser tomados junto com o leite para ajudar a digeri-lo; além disso, também estão disponíveis laticínios especiais que não contêm lactose.

Os laticínios como iogurte, kefir, queijos duros também podem ser facilmente tolerados, devido ao teor mínimo de lactose neles presente. Leite e laticínios são fontes importantes de nutrientes, particularmente cálcio. Portanto, as pessoas que limitam ou eliminam o leite e os laticínios da dieta devem estar atentas para obter cálcio de outras fontes alimentares ou de suplementos.

Alimentos ricos em gordura

Os alimentos com alto teor de gordura, como manteiga, margarina e creme de leite, podem causar diarreia e gases se a absorção de gordura for incompleta. Esses sintomas tendem a ocorrer mais em pessoas que apresentam inflamação no intestino delgado ou que tiveram grandes partes do intestino delgado removidas.

Glúten

O glúten é uma proteína encontrada em grãos, inclusive em produtos de trigo, centeio e cevada. Alguns indivíduos com DII podem ser sensíveis ao glúten e ter intolerância a ele. Essas pessoas também podem apresentar sintomas de inchaço abdominal e diarreia depois de comer alimentos que contêm glúten e se beneficiam ao evitar consumi-los.

Açúcares não absorvíveis (SORBITOL, MANITOL)

Álcoois de açúcar, como sorbitol e manitol, causam diarreia, inchaço e gases em algumas pessoas. Esses ingredientes são frequentemente encontrados em chicletes e doces sem açúcar. O sorbitol também está presente em sorvetes e em vários tipos de fruta, como maçã, pera, pêssego e ameixa, bem como nos sucos dessas frutas.

Existem alguns princípios e diretrizes básicos para ajudar você a decidir como e o que comer, especialmente durante as crises. As pessoas com DII devem manter uma dieta diversificada e rica em nutrientes. Ao ter sintomas, estas orientações podem ajudar:

  • Comer pequenas porções nas refeições
  • Fazer refeições mais frequentes
  • Comer em ambiente tranquilo
  • Evitar alimentos desencadeantes
  • Limitar alimentos com fibras insolúveis (isto é, sementes, grãos, vegetais de folhas verdes, frutas laxativas e farelo de trigo)
  • Reduzir a quantidade de alimentos gordurosos ou fritos
  • Beber pelo menos 2 litros de água por dia
  • Evitar bebidas alcoólicas e com cafeína que podem irritar e estimular o TGI

Não existe um cardápio seguro para pessoas com DII, mas há técnicas e estratégias para tornar as refeições fora de casa uma experiência positiva.

Algumas dicas para ter em mente:

  • Não saia de casa com muita fome. Você pode não fazer as melhores escolhas alimentares, pois será conduzido pela fome e pelo desejo de sentir-se satisfeito.
  • Não tenha medo de fazer pedidos especiais. Muitos restaurantes alteram a forma de preparo de um prato.
  • Ligue com antecedência se tiver dúvidas específicas ou olhe o cardápio previamente via online. Dessa forma, é possível identificar potenciais problemas com alimentos e evitar sentir-se apressado pelo garçom ao avaliar as opções.
  • Coma porções menores – talvez um aperitivo ou uma meia porção. Se você não gostar da comida, não terá desperdiçado dinheiro e sempre poderá pedir mais alguma coisa.
  • Em caso de dúvida, fique no simples. Prefira opções fervidas, grelhadas, cozidas no vapor, assadas ou salteadas e limite molhos e especiarias.
  • Quando for a uma festa, leve o que você pode comer, uma porção suficiente para você e para o grupo.
  • Saiba onde os banheiros estão localizados antes de entrar no evento social.
  • Informe-se com o seu médico sobre os produtos que ajudam a controlar ou reduzir os sintomas, inclusive medicamentos antidiarreicos, antiespasmódicos ou suplementos de lactase.
  • Use uma fralda para adultos ou roupas de proteção e leve uma muda de roupa na bolsa, na mochila ou no carro.

Se você perceber que tem evitado situações sociais ou tem se sentido que comer ou pensar em comer se tornou uma luta árdua, conte para seu médico, seu nutricionista, sua família, um amigo ou fale com um conselheiro que possa ajudar você a gerenciar melhor a alimentação e a DII.

* Este texto tem como base o MANUAL DE NUTRIÇÃO, DIETA E DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL, elaborado pela Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn em parceria com a Nestlé Health Sciense

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SUPLEMENTAÇÃO COM BETA-ALANINA

Por Isabella Brescia

A Nutrição exerce um papel importante no desempenho esportivo e o interesse por recursos  nutricionais  que  possam  melhorar  a performance   de   atletas   e   praticantes   de atividade física cresce a cada dia. Os suplementos são usados para auxiliar  ganhos  de  massa muscular, redução  de  gordura  corporal,  aumento da força, redução da fadiga, redução da dor pós treino ou ainda melhoria na qualidade de vida ou na performance dos indivíduos. Dentre os suplementos, os aminoácidos são bastante consumidos, dentre os  quais  a  beta-alanina  se  destaca.

A beta-alanina é um aminoácido não essencial produzido no fígado. Identificada pela primeira vez pelo bioquímico russo Vladimir Gulevich, em 1900, é precursor indispensável na produção de carnosina, um dipeptídeo formado pela junção da beta-alanina com L-histidina por meio da enzima carnosina sintase na musculatura esquelética. No entanto, a produção endógena de beta-alanina é extremamente baixa e, como consequência, as concentrações plasmáticas encontram-se muitas vezes próximas de zero. Desse modo, a ingestão desse aminoácido é fundamental para aumentar a sua disponibilidade no organismo.

Com a suplementação da beta-alanina pode-se observar que ocorre um aumento dos estoques  musculares  do  dipeptídeo  carnosina (beta-alanil-histidina), que tem a  função bastante eficaz em tamponar o pH intramuscular  na  prática  de  atividade  física, especialmente em exercícios de alta intensidade e curta duração. A beta-alanina tem maior efetividade na via anaeróbica  lática, onde há maior  liberação de ácido lático. A   sua   suplementação   promove um efeito  tamponante  no  sistema  da  carnosina, prolongando o exercício, pois atua contra íons de  hidrogênio  (H+)  da  dissociação  do  ácido lático. O acúmulo desses íons H+ pode causar uma acidose muscular, causando fadiga e dor. Além da sua principal função tamponante, o aumento de carnosina melhora a sensibilidade de Ca+2, o que melhora o desempenho nas fibras musculares tanto de rápida  e  lenta  ação,  retardando  sua  fadiga.

Com contribuição o importante no tamponamento    físico-químico    do    músculo esquelético, a carnosina faz a manutenção do equilíbrio   ácido-base,   quando   ocorre uma elevação de produção de H+ junto a uma maior produção de ácido lático pela glicose anaeróbica, na prática de exercícios intensos. Aproximadamente 10% da capacidade de tamponamento das células musculares é realizada pela carnosina. Se   um   nível   de   limiar   de   acidose muscular   compromete   o   desempenho   do exercício  de resistência  subsequente,  então  o aumento  da  capacidade  tamponante  com  a suplementação de beta-alanina pode prevenir a queda  da  força  muscular  e,  assim,  atenuar  o efeito de interferência aguda.

A  maior  parte  dos  estudos  utilizam doses  diárias  em  torno  de  65  mg/kg  de  peso corporal, divididas em 3 a 4 vezes por dia, por um período médio de 10 a 12 semanas. É um suplemento relativamente seguro nessas dosagens, e o único efeito colateral relatado, como uso é uma parestesia transitória, que é minimizada com a divisão da dose diária em 3  a  4  tomadas. 

A  parestesia  é  um sintoma    caracterizado    pela    sensação    de dormência  ou  formigamento  de  alguma  parte do corpo. Pode acometer membros como braços, pernas  e mãos,  assim  como  também  pode  se fazer presente em áreas menos comuns, como na  boca, nariz e orelha.  Este  efeito  é  tipicamente  observado quando   suplementação   é   feita   com   doses únicas superiores a 800-1600 mg.  Os  sintomas  da  parestesia  ocorrem normalmente  10  a  20  minutos  após  a  sua ingestão e desaparecem geralmente nos 60-90 minutos seguintes. Para  atenuar  os  sintomas,  é  proposto a divisão da dose diária total (3,2 a  6,4  g/dia)  em  doses  menores  (0,8  a  1,6 g/dose), a cada 3-4 horas. Apesar da  informação  atual  ser  ainda limitada  e  de  não  haver,  até  à  data,  estudos com  protocolos  de  suplementação  com  beta-alanina a longo prazo (superiores a 1 ano), os posicionamentos  dizem  que  a  suplementação de   beta-alanina   é   segura   em   indivíduos saudáveis nas doses recomendadas.

Referência Bibliográfica

CARDOSO, Henrique Costa; CONDESSA, João Pedro Mendes; DE SOUZA, Marcio Leandro Ribeiro. A suplementação de beta-alanina na performance esportiva: uma revisão sistemática. RBNE-Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, v. 16, n. 98, p. 169-179, 2022.

FERREIRA, Carolina Caberlim et al. Atualidades sobre a suplementação nutricional com beta-alanina no esporte. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, v. 9, n. 51, p. 271-278, 2015.

LAGE, Marcelo Henrique et al. Efeitos ergogênicos da beta-alanina para a performance. Cadernos UniFOA, v. 16, n. 46, 2021.

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Conhecendo a Spirulina

Por Isabella Brescia

O termo  Spirulina  (sinônimo  de  Arthrospira)  se  refere  a  um  grande  número  de  espécies  de  bactérias  que  pertencem  ao  filo  Cyanobacteria.  As cianobactérias são organismos         procariotos         fotossintetizantes;    eram     anteriormente     denominadas     algas     verdes-azuis.    Atualmente    se    sabe    que    não    estabelecem    relação   filogenética   com   o   grupo   das   algas, no   entanto,   são   usualmente    denominadas    microalgas    pela    maior    parte    da    literatura.

As  aplicações  terapêuticas  sugeridas  para  as  cianobactérias  são extremamente       diversificadas,       abrangendo:       inibição       da    replicação    viral;    atividade    antitumoral,    redução    da    hipercolesterolemia      e      outras      hiperlipidemias,      efeito      antidiabetogênico,   efeito   anti-hipertensivo,   modulador   do  sistema  imunológico e  regulador  da  resposta  alérgica, aumento da absorção intestinal de vitaminas e minerais, aumento dos   lactobacilos   intestinais;   coadjuvante   no   tratamento   de   indivíduos obesos, anêmicos e redução da nefrotoxicidade por metais pesados e medicamentos.

A  utilização  da  cianobactéria  Spirulina  na  alimentação  humana  tem    sido    realizada    por    vários    séculos.    Quando    os    espanhóis    conquistaram  o  México,  descobriram  que  os  astecas  coletavam  essa  microalga no lago Texcoco e a consumiam na forma de molho à base de  cereais,  conhecido  como  chimolli  ou  molho  asteca.  Na  África,  a  comunidade  étnica  dos  Kanembous  colhia  a  Spirulina  no  lago  Chad,  a  desidratava  e  moldava  em  tabletes  para  a  venda  no  mercado  local.  Os  Kanembous  também  preparavam  o  dihé,  um  molho  à  base  de  Spirulina,  salsa  e  pimenta,  utilizado  para  acompanhar  preparações  à  base  de  milho,  carnes  e  peixes,  sendo  consumido  em  70%  das  refeições kanembous.

Um estudo conduzido  com  quarenta  voluntários  de  ambos  os  sexos,  de  cinquenta  anos  ou  mais,  que  não  possuíam  histórico de doenças crônicas, evidenciou um aumento constante dos   valores   médios   de   hemoglobina   corpuscular   média   em   indivíduos  de  ambos  os  sexos.  Além  disso,  o  volume  corpuscular  médio   e   a   concentração   de   hemoglobina   corpuscular   média   também   aumentaram   em   participantes   do   sexo   masculino.   As   mulheres   com   mais   idade   pareceram   se   beneficiar   mais   rapidamente  da  suplementação  de  Spirulina.  Os  pacientes  não  faziam  utilização  de  suplemento  férrico  medicamentoso  e  foram  avaliados  no  início  e  após  seis  e  doze  meses  de  tratamento.  O   trabalho   também   avaliou   a   influência   da   suplementação   de   Spirulina   na   função   imunológica,   e   teve   como   conclusão   que  a  Spirulina  pode  melhorar  a  anemia  e  imunossenescência  em  indivíduos  com  mais  idade.  Essas  evidências  apontam  sobre  o  teor  de  minerais  da  Spirulina,  bem como de seus efeitos moduladores sobre a mucosa intestinal, que  podem  favorecer  o  transporte  de  nutrientes  envolvidos  na hematopoiese.

Estudos  têm  avaliado  a  atividade  antioxidante  de  microalgas. Os compostos responsáveis por  essa  atividade  antioxidante  são  os  carotenoides,  tocoferóis,  compostos  fenólicos  e,  mais  recentemente,  as  ficobiliproteínas  aloficocianina, ficocianina e ficoeritrina que são os principais pigmentos das cianobactérias. Já são conhecidos    mecanismos    antioxidantes    exercidos  por  carotenoides,  tocoferóis  e  compostos  fenólicos, e há  três  hipóteses  principais  para  que  as  ficobiliproteínas  exerçam  seu  efeito  protetor.  A  primeira  seria  devido  à  própria  estrutura  química que atuaria neutralizando  as  espécies  reativas  de  oxigênio  e  nitrogênio;  essa  hipótese  tem  sido  demonstrada  tanto  in  vitro,  quanto  in  vivo.  A  segunda   seria   devida   às   propriedades   quelantes   de   minerais,   e   a   terceira   envolveria   o   incremento   do   sistema   enzimático   antioxidante, detectado pelo aumento da atividade detoxificadora da catalase.

Analisando  o  efeito  da  suplementação  oral de Spirulina (4 g/dia por seis semanas) nos parâmetros séricos (lipídios,  glicose,  aminotransferases)  e  na  pressão  sanguínea  de  36   indivíduos   adultos,   observaram   um   efeito   hipolipidêmico,   especialmente para os triacilgliceróis e para o colesterol LDL, mas também  indiretamente  para  o  colesterol  total;  também  ocorreu  redução da pressão sanguínea sistólica e da diastólica.

Ravi et  al.  (2010),  em  seu  trabalho  de  revisão  sobre  as  propriedades  imunomoduladoras  e  antioxidantes  de  Spirulina,  ressaltaram,  entre  outros  efeitos,  a  estimulação  da  produção  de  citocinas  e  anticorpos,  a  promoção  da  atividade  de  macrófagos,  linfócitos  T  e  B,  incluindo  principalmente  as  células  Natural  killers  (NK).   Dados   expostos   pelo   mesmo   trabalho   relataram   que   o   pigmento  ficocianina  exerceu  atividade  imunomodulatória  do  por  meio  de  um  efeito  inibitório  sobre  a  liberação  de  histamina   pelos   mastócitos   durante   a   resposta   alérgica.   Além   disso,  esse  pigmento  também  suprimiu  o  crescimento  de  células  tumorais,  promovendo  a  atividade  das  células  NK  e  induzindo  linfócitos do baço a produzirem o fator de necrose tumoral TNF-α.

Já  foi  sugerido em estudos que  a  ingestão  diária  de  Spirulina  de  6  g/dia  para  um  adulto  seria  caracterizado  como  alto  consumo;  3  g/dia,  consumo  médio  e  3  –  12  g/mês,  baixo  consumo  sendo  a  ingestão  contemporânea  de  1  –  5  g/dia.    Estudos  clínicos  recentes  indicam  que  uma  ingestão  de  cerca  de  10  g/dia  por  seis  meses  não  induziu  efeitos  adversos.

Apesar do exposto, é importante destacar que  uma  dieta  equilibrada   é   precedente   e   essencial   ao   estabelecimento   do   estado    nutricional    adequado.    Nenhum    alimento    pode    ser    considerado como solução isolada para o tratamento e a redução de riscos associados a qualquer doença crônica não transmissível.

Referência bibliográfica

DE OLIVEIRA, Cristiane Alves et al. Potencial nutricional, funcional e terapêutico da cianobactéria spirulina. Revista da Associação Brasileira de Nutrição-RASBRAN, v. 5, n. 1, p. 52-59, 2013.

RAVI  M,  De  SL,  Azharuddin  S,  Paul  SFD.  The  beneficial  effects  of  Spirulina  focusing  on  its  immunomodulatory and antioxidant properties. Nutr and Diet Suppl. 2010;2:73–83.

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BENEFÍCIOS DOS ÓLEOS DE PRÍMULA E BORRAGEM

Por Isabella Brescia

Evidências científicas têm demonstrado a efetividade das substâncias bioativas na promoção da saúde. Os ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa (AGPICL) apresentam singular importância ao organismo humano por constituírem membranas celulares, serem precursores de eicosanoides, atuarem no desenvolvimento cerebral e cognitivo, além de apresentarem efeitos positivos relacionados a doenças cardiovasculares, diabetes, cânceres e doenças hepáticas não alcoólicas.  As duas principais categorias de AGPICL são os grupos ꞷ-3 e ꞷ-6, os quais são obtidos pelos humanos por meio da dieta. Estes ácidos graxos (AG) e seus metabólitos influenciam a composição da membrana celular e regulam a sinalização celular.

A família ꞷ-3 compreende os ácidos α-linolênico (ALA), eicosapentaenoico (EPA) e o  docosahexaenoico (DHA). O ácido α-linolênico (ALA) possui duplas ligações nos carbonos 3, 6 e 9 e a partir dele o organismo humano pode produzir o ácido eicosapentaenoico (EPA) e o ácido docosahexaenoico (DHA), metabolitos com importantes funções cognitivas e anti-inflamatórias. O óleo de peixe é o principal representante de ꞷ-3, sobretudo os animais capturados em águas frias e marinhos. ALA também é encontrado na composição de óleos vegetais, como de linhaça.

A família ꞷ-6 compreende os ácidos linoleico (LA), gama-linoleico (GLA) e seus metabólitos: ácido dihomo-γ-linolênico (DGLA) e ácido araquidônico (AA).  O LA é o principal AGPICL da dieta ocidental podendo ser encontrado principalmente em nozes, sementes e óleos vegetais, como a soja, o óleo básico da alimentação ocidental. Alimentos derivados dos óleos vegetais, como margarinas, apresentam níveis significativos de LA. Após a ingestão, o LA é metabolizado em GLA pelo organismo dos mamíferos.

Mamíferos não sintetizam o GLA, por isso, a obtenção ocorre por meio da dieta ou suplementação utilizando-se principalmente fontes vegetais. A partir dos óleos de sementes de borragem (Borago officinalis L.), prímula (Oenothera biennis L.) e groselha negra (Ribes nigrum L.) é possível a obtenção do GLA. No organismo, o GLA passa por transformações enzimáticas e metabólicas produzindo, principalmente, prostaglandinas e leucotrienos anti-inflamatórios, além de tromboxanos anti-agregantes plaquetários. Os eicosanoides produzidos justificam os possíveis benefícios de GLA frente a doenças anti-inflamatórias, como artrite reumatoide, síndrome pré-menstrual e dermatite atópica.

O estudo da função anti-inflamatória do GLA teve início nos anos 1980. Vegetais com quantidades significativas de GLA passaram a ser avaliados como eficazes para tratamento de doenças como artrite reumatoide e dermatites atópicas. O aumento da produção de DGLA e, consequentemente, de prostaglandinas de classe E1, afeta a quimiotaxia dos leucócitos, reduz a aderência dessas células aos vasos sanguíneos e inibe a ativação plaquetária. Outro fator importante da suplementação de GLA inclui a diminuição da metabolização de ácido araquidônico em leucotrienos pró-inflamatórios.

A síndrome pré-menstrual é uma condição que afeta 85% das mulheres e está associada a sintomas emocionais e comportamentais durante a menstruação, incluindo ansiedade, depressão, fadiga, cefaleia, mastalgia e irritabilidade. Acredita-se que a deficiência dos AGs essenciais causa a diminuição dos níveis de prostaglandinas de classe E1 e aumenta a sensibilidade à prolactina.

A suplementação com fontes de GLA pode ser ferramenta para amenizar a síndrome pré-menstrual, sendo o óleo de prímula um dos tratamentos mais populares. Em 1994, foi publicada a primeira meta-análise que comprova a eficácia do uso de óleo de prímula na melhora dos sintomas.

A artrite reumatoide refere-se a uma condição autoimune onde há concentração celular de macrófagos e células T no líquido sinovial. Esta proliferação resulta em inflamação das articulações, podendo causar destruição da camada cartilaginosa e óssea. O tratamento convencional da artrite reumatoide é realizado com medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais, os quais podem causar efeitos adversos importantes, como úlceras, hemorragias no trato gastrointestinal, problemas renais e aumento da pressão arterial.

Produtos que não promovam estas complicações são estudados e óleos de sementes de vegetais são uma opção segura. Óleos de prímula, borragem, groselha negra e de peixe são investigados como suplementos para uso em artrite reumatoide. O óleo de borragem se mostrou eficaz no controle das dores em pacientes acometidos por inflamações, incluindo a artrite reumatoide, sendo capaz de reduzir as doses dos medicamentos convencionais.

A dermatite atópica, sinônimo de eczema atópico, é uma doença crônica e complexa que resulta na inflamação da pele. Nos países desenvolvidos, a incidência da doença em crianças está em ascensão. As causas relacionadas ao desenvolvimento da patologia são multifatoriais e envolvem uma complexa relação entre fatores ambientais, genéticos e imunológicos.

O metabolismo anormal de ꞷ-6 é considerado um dos possíveis mecanismos responsáveis pela evolução de dermatite atópica. Os indivíduos apresentam baixos níveis plasmáticos de ꞷ-6, assim como nas membranas eritrocitárias e células do sistema imune. Níveis aumentados de LA são observados no leite materno de mães de crianças que desenvolvem a condição e também em fosfolipídios plasmáticos de crianças e adultos com dermatite atópica. As observações indicam possível redução da ação da enzima D6D, resultando em diminuição da formação de GLA e seus metabólitos.

O equilíbrio da razão entre AA/DGLA parece ser um fator determinante para a progressão da doença. O AA é componente essencial das membranas da pele, porém em níveis exacerbados resulta em inflamação e piora dos sintomas da patologia. A suplementação com fontes de GLA aumenta a produção de DGLA, amenizando a inflamação sem comprometer o funcionamento normal das células da pele.

A suplementação alimentar com óleos vegetais, como de prímula, borragem e groselha negra podem ser uma alternativa segura para manejo de síndromes e doenças inflamatórias. O DGLA plasmático é fator importante de estudo para determinar os aspectos fisiológicos e a regulação da inflamação por meio da suplementação de GLA.

Referência bibliográfica

DE CAMPOS, Luana Mayra; DE OLIVEIRA CARVALHO, Patrícia; RIBEIRO, Pérola. Ácidos graxos polinsaturados ômegas 3 e 6: benefícios a saúde humana e fontes. Investigación Clínica, v. 57, n. 3, 2005.

FERREIRA, Marcela Santos; ROCHA, Keli Daiane Camargo; GARCIA, Carlos Eduardo Rocha. Óleo de prímula como suplemento alimentar Evening primrose oil as a dietary supplement. Brazilian Journal of Development, v. 8, n. 5, p. 41440-41455, 2022.

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IMUNONUTRIÇÃO NO PACIENTE ONCOLÓGICO

Por Isabella Brescia

A alta incidência de desnutrição em pacientes com câncer é multifatorial, e está principalmente atribuída à localização tumoral e aos distúrbios de má absorção e ingestão, repercutindo em deficiências e desequilíbrios nutricionais que refletem em perda de peso, alteração da composição corporal e pior prognóstico. A terapia e a intervenção nutricional devem ser instituídas precocemente, desde o diagnóstico, e continuadas durante todo o tratamento, com o objetivo de manter o estado nutricional, melhorar a performance clínica ao tratamento, minimizar efeitos colaterais e favorecer tanto a qualidade de vida quanto a sobrevida em pacientes oncológicos. Estratégias nutricionais são atualizadas e utilizadas para diminuir os efeitos inflamatórios e catabólicos do câncer, sendo assim, nutrientes especializados, anti-catabólicos e supressores da inflamação são sugeridos e devem ser considerados como parte da intervenção.

A terapia nutricional denominada de imunonutrição tem como objetivo a modulação da resposta inflamatória e a melhora de função imune, almejando a diminuição de complicações no pós-operatório e no estado nutricional do paciente. A oferta da imunização é indicada independentemente do estado nutricional no período perioperatório, ou seja, entre cinco a dez dias tanto no pré quanto no pós-operatório de cirurgia de médio e grande porte, essa terapia nutricional pode ser feita por suplementação oral ou por via enteral, quando necessária. A literatura científica comprova os benefícios de uma dieta com combinação de nutrientes específicos como arginina, ácidos graxos ômega-3 e nucleotídeos.

A arginina é um aminoácido semiessencial, ou seja, é sintetizado pelo organismo e fornecido pela alimentação, porém, torna-se essencial quando o corpo entra em situação de catabolismo e hipercatabolismo.  A arginina atua sobre o sistema imune pela proliferação do linfócito T  tornando-se fundamental para o paciente cirúrgico, também por atuar como estimulante de síntese proteica, na produção de prolina para formação de colágeno e melhora da cicatrização , na liberação de óxido nítrico (ON) que regula a expressão gênica e estimula a imunidade mediada por células, regula a pressão sanguínea e perfusão tecidual, como atividade antimicrobiana e antitumoral, na desintoxicação de amônia e na liberação de hormônios e biossíntese de poliamida e creatina. No entanto, quando a arginina se esgota, as células geram superóxido ao invés de óxido nítrico, e o superóxido leva à lesão celular como resultado.

Os ácidos graxos ômega-3, derivados de óleo de peixe e de canola, têm a principal característica de atuarem como lipídios anti-inflamatórios, reduzindo as concentrações de mediadores inflamatórios, como a proteína c-reativa (PCR), citocinas pró-inflamatórias eicosanóides e quimiocinas. Além disso, são essenciais para a síntese de mediadores e reguladores da inflamação, como eicosanóides, leucotrienos, prostaglandinas e tromboxanos que têm as funções de reduzir a agregação plaquetária, diminuir o potencial pró-inflamatório e fazer a imunomodulação na resposta inflamatória.

Os nucleotídeos são os precursores dos ácidos nucleicos DNA e RNA, necessários para a síntese de proteínas celulares e fundamentais para a homeostase do sistema imunológico de indivíduos adultos, sendo o RNA responsável pelo aumento da contagem total de linfócitos (células de defesa do organismo), melhorando a resposta imunocelular e a resposta contra infecções, além de sua importância para a transferência de energia química nas células, por participar também da formação de trifosfato de adenosina (ATP).

Estudos tem demonstrado que os imunonutrientes arginina, ácidos graxos ômega-3 e nucleotídeos trouxeram benefícios para a saúde dos pacientes quando combinados em níveis terapêuticos para modular especificamente o sistema imunológico contra a alteração de vias inflamatórias e metabólicas. A imunonutrição fornecida a pacientes bem nutridos e desnutridos têm mostrado benefícios, o que sustenta a premissa de que uma combinação de imunonutrientes incluídos nas dietas de reforço imunológico podem ter um efeito farmacoterapêutico benéfico além de fornecer energia, proteínas, vitaminas e minerais para suporte nutricional.

Contudo, fica evidente que o manejo nutricional tanto em pacientes com tumores gástricos, como em demais sítios tumorais, é fundamental e um pilar necessário durante a jornada de tratamento. Estratégias e orientações nutricionais devem atender às necessidades metabólicas dos pacientes oncológicos, além de favorecer e gerenciar o estado nutricional, manejo de sintomas, da ingestão nutricional e diminuir a toxicidade. A utilização de suplementos nutricionais orais (SNO) é uma das principais formas para alcançar esses resultados e de fornecer energia e proteínas àqueles que enfrentam dificuldades para atingir suas necessidades nutricionais, bem como, em fornecer nutrientes específicos para atenuar as alterações metabólicas, catabolismo e inflamação persistente inerente ao câncer e às terapias antineoplásicas.

A prescrição de SNO deve ser recomendada a todos os pacientes com câncer em risco nutricional e/ou desnutridos e que estejam em tratamento. Em casos de terapias antineoplásicas, o SNO é indicado de forma precoce, ou seja, no início do tratamento, mesmo sem o paciente apresentar déficit na ingestão alimentar e/ou alteração da composição corporal, visto que o objetivo da intervenção é manter a adequação alimentar, estado nutricional e favorecer a resposta metabólica. Pacientes oncológicos sob alto risco nutricional (trato gastrointestinal, câncer de cabeça e pescoço e pulmão) apresentam benefício da intervenção nutricional precoce, reduzindo a prevalência de desnutrição e sintomas relacionados aos tratamentos.

Dentre as estratégias nutricionais, nutrientes especializados devem ser considerados, para diminuir os efeitos colaterais, inflamatórios e catabólicos. Alguns estudos têm demonstrado benefícios do uso da imunonutrição em pacientes submetidos ao tratamento sistêmico, devido à ação de modulação do sistema imune e por influenciar ganho de peso, massa magra, estado funcional, qualidade de vida e melhora na tolerância do tratamento.

Referência bibliográfica

FRAGA, Flávia Pereira da Silva Cipriano et al. NUTRIÇÃO E IMUNIDADE NO TRATAMENTO ONCOLÓGICO. Estudos Avançados sobre Saúde e Natureza, v. 3, 2022.

MATTOS, Cecília et al. PREPARO IMUNOLÓGICO NO TRATAMENTO ANTINEOPLÁSICO: O IMPACTO DA IMUNONUTRIÇÃO ORAL COMO ESTRATÉGIA TERAPÊUTICA EM PACIENTE COM ADENOCARCINOMA DE TRANSIÇÃO ESOFAGOGÁSTRICA. Relato de caso. BRASPEN J 2022; 37 (1): 109-14

MINUZZI, Larissa. IMUNONUTRIÇÃO PRÉ E PÓS OPERATÓRIO DE PACIENTES ONCOLÓGICOS. 2022.

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saúde

FIBRAS E NUTRIÇÃO ENTERAL

Por Isabella Brescia

As complicações associadas com a nutrição enteral (NE)  não são incomuns, sendo a diarreia um sinal importante de intolerância. A atividade metabólica da microbiota luminal pode ser comprometida, afetando a resistência à colonização e contribuindo para complicações. Consequentemente, são de grande interesse as formulações de NE que tenham um efeito positivo na microbiota e função intestinal, que proporcionem um suporte nutricional apropriado para os pacientes.

Dentre as aplicações da fibra na nutrição enteral podemos citar o gerenciamento da função  intestinal, a intensificação da função absortiva e integridade do intestino, a manutenção da barreira intestinal, a melhora da tolerância à glicose e do perfil lipídico do sangue e a normalização da microbiota intestinal. Um grande número de estudos avaliou a tolerabilidade ao conteúdo de fibras e na redução de sintomas gastrointestinais. Há ampla evidência de efeitos positivos das fórmulas enterais enriquecidas com fibras, que podem estimular o crescimento de bactérias benéficas, inibindo o desenvolvimento de bactérias nocivas.

Spapen et al. investigaram o efeito de fórmulas enterais enriquecidas com fibra no controle da diarreia em pacientes com sepse grave, os quais receberam dieta enteral suplementada com 22g/l de goma guar parcialmente hidrolisada ou dieta padrão (normocalórica e normoproteica), sem fibras, como controle. Os autores encontraram que os pacientes com dieta enteral com fibras tiveram menor frequência diária de diarreia, menor número de dias de diarreia por dias totais de internação e menor escore de diarreia, baseado em volume e consistência das fezes.

Nakao; investigou a utilidade da fibra alimentar solúvel no tratamento de diarreia durante a nutrição enteral em pacientes idosos. A suplementação inicial foi de 7g/dia de fibras solúvel (galactomananas), sendo aumentada semanalmente até 28g/dia, no final do período de intervenção de quatro semanas. Após administração de fibra solúvel, houve redução significativa no conteúdo de água nas fezes, na frequência diária de movimentos intestinais e no pH fecal. Houve melhora nas características das fezes e aumento significativo no nível total de ácidos graxos de cadeia curta.

Trier et al. verificaram a tolerância e o efeito na função gastrintestinal de uma fórmula pediátrica, polimérica, enriquecida com uma mistura de seis fibras, comparada com a mesma fórmula sem fibras. O estudo duplo-cego, randomizado, incluiu 16 crianças com terapia de nutrição enteral por 14 dias. Com o uso da fórmula suplementada com a mistura de fibras, houve redução significativa no número de dias de constipação e no uso de laxantes.

Chittawatanarat et al., após 14 dias de intervenção, identificaram que os episódios de diarreia foram significantemente mais baixos no grupo com fibras do que no grupo sem fibras. A proporção geral de incidência de diarreia por 100 dias de nutrição enteral, foi significantemente mais baixa no grupo que recebeu fibras, mesmo quando a nutrição teve início após os pacientes terem recebido antibióticos de amplo espectro.

Considerando-se o esvaziamento e volume gástrico residual, os estudos não observaram diferenças entre o grupo que recebeu suplementação com fibras e o grupo controle. Três artigos demonstraram que os vômitos foram menos frequentes no grupo que recebeu suplementação com fibras, mas as diferenças foram não significantes. Alguns estudos mencionaram distensão abdominal, mas não detectaram diferenças clinicamente importantes (a distensão abdominal foi similar em ambos os grupos, ou a distensão foi menos observada no grupo controle).

A American Society for Parenteral and Enteral Nutrition (ASPEN) recomendou, em recente publicação, a utilização apenas de fibras solúveis para pacientes graves hemodinamicamente estáveis que desenvolvam diarreia. O uso de fibras solúveis em todos os pacientes que se encontrem hemodinamicamente estáveis é seguro e pode ser considerado benéfico para redução dos sintomas gastrintestinais, principalmente da diarreia. Adicionalmente, o uso de fibras insolúveis para pacientes graves em geral foi contraindicado. Ambos os tipos de fibras devem ser evitados para pacientes em risco de isquemia mesentérica ou comprometimento grave da motilidade.

Referência Bibliográfica

CATALANI, Lidiane Aparecida et al. Fibras alimentares. Rev Bras Nutr Clin, v. 18, n. 4, p. 178-82, 2003.

Chittawatanarat K, Pokawinpudisnun P, Polbhakdee Y. Mixed fibers diet in surgical ICU septic patients. Asia Pac J Clin Nutr. 2010;19(4):458-64.

Nakao M, Ogura Y, Satake S, Ito M, Ugushi A, Takagi K, et al. Usefulness of soluble dietary fiber for the treatment of diarrhea during enteral nutrition in elderly patients. Nutrition 2002; 18(1):35-9. 24.

REIS, Audrey Machado dos et al. Uso de fibras dietéticas em nutrição enteral de pacientes graves: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de terapia intensiva, v. 30, p. 358-365, 2018.

Spapen H, Diltoer M, Van Malderen C, Pondenacker G, Suys E, Huyghens L. Soluble fiber reduces the incidence of diarrhea in the septic patients receiving total enteral nutrition: a prospective, double-blind, randomized and controlled trial. Clin Nutr 2001; 20(4):301-5. 23.

Trier E, Wells JCK, Tomas AG. J Pediatr Gastroenterol. Nutrition 1999; 28:959 2

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saúde

A INGESTÃO DE FIBRAS E SUA AÇÃO NO ORGANISMO

Por Isabella Brescia

Fibra alimentar é a parte comestível de plantas ou carboidratos análogos que são resistentes à digestão e absorção no intestino delgado de humanos, com fermentação completa ou parcial no intestino grosso de humanos. A fibra alimentar inclui polissacarídeos vegetais, como celulose, hemiceluloses, pectinas, gomas e mucilagens, oligossacarídeos e lignina.
De acordo com a solubilidade em água de seus componentes, as fibras alimentares podem ser agrupadas em duas grandes categorias: fibras solúveis e fibras insolúveis.
As fibras solúveis incluem a maioria das pectinas, gomas, mucilagens e hemiceluloses. São encontradas em frutas, farelo de aveia, cevada e leguminosas (feijão, lentilha, ervilha e grão de bico). A fibra solúvel é responsável pelo aumento do tempo de trânsito intestinal e está relacionada à diminuição do esvaziamento gástrico, ao retardo da absorção de glicose, diminuição da glicemia pós-prandial e redução do colesterol sanguíneo devido às suas propriedades físicas que conferem viscosidade ao conteúdo luminal. No cólon, as fibras solúveis são fermentadas pelas bactérias intestinais, produzindo ácidos graxos de cadeia curta (acético, butírico e propiônico). Estes ácidos graxos são responsáveis por regular a proliferação epitelial e diferenciação da mucosa colônica (butirato); aumentar o fluxo sanguíneo e produção de muco; constituir fonte energética preferencial para os colonócitos (butirato); reduzir o pH no cólon, com efeito no equilíbrio da microflora intestinal; estimular a absorção de sódio e água; exercer efeito sobre o metabolismo lipídico (propionato) e glicídico (acetato e propionato); estimular a secreção pancreática e de outros hormônios.
As fibras insolúveis contribuem para o aumento do volume do bolo fecal, redução do tempo de trânsito intestinal, retardo da absorção de glicose e retardo da hidrólise do amido. Incluem a celulose, a lignina e algumas hemiceluloses e mucilagens. São encontradas em maior quantidade no farelo de trigo, nos cereais integrais e seus produtos, nas raízes e nas hortaliças. Geralmente, não sofrem fermentação, de maneira que, quando esta ocorre, ela se dá de forma lenta. Proporcionalmente, a fração insolúvel das fibras é a mais abundante, constituindo cerca de 2/3 da fibra alimentar de uma dieta composta por variados alimentos de origem vegetal.
Recentemente, o conceito de fibras foi ampliado de modo a incluir substâncias funcionalmente semelhantes: amido resistente, inulina e frutooligossacarídeos (FOS). O amido resistente é definido como a soma do amido e dos produtos da sua degradação que não são absorvidos pelo intestino delgado, contribuindo para aumentar a quantidade de fibra alimentar que chega intacto ao cólon. Apresenta efeitos fisiológicos semelhantes aos da fibra alimentar, dentre os quais destacam-se: capacidade de aumentar o volume fecal e diluir compostos potencialmente tóxicos e cancerígenos; reduzir níveis plasmáticos pós-prandiais de glicose, insulina, triglicérides e lipoproteínas de baixa densidade; produzir ácidos graxos de cadeia curta. A inulina é o polímero de glicose extraído da raiz de chicória, tubérculos de alcachofra, da cebola, do alho, da banana ou produzido industrialmente a partir da sacarose.
Os fruto-oligossacarídeos (FOS) são polissacarídeos de cadeia, cuja semelhança com as fibras está na ausência de degradação pelas enzimas digestivas do homem e na capacidade de permitir fermentação pelas bactérias do cólon intestinal, formando ácidos graxos de cadeia curta que exercem efeitos tróficos na mucosa intestinal. Os FOS diferem das fibras alimentares por não possuírem as características de reter líquidos, de aumentar a viscosidade quelando os minerais e de aumentar o bolo fecal.
A inulina e os fruto-oligossacarídeos (FOS) são considerados prebióticos, por serem ingredientes alimentares não digeridos no intestino delgado que, ao atingir o intestino grosso, são metabolizados seletivamente por um número limitado de bactérias benéficas, que alteram a microflora colônica, gerando uma microflora bacteriana saudável, capaz de induzir efeitos fisiológicos importantes para a saúde.
Para adultos, geralmente, recomenda-se ingestão de 20g a 35g de fibra alimentar por dia ou 10g a 13g de fibra alimentar por 1000 kcal. As informações nutricionais dos rótulos de alimentos baseiam-se nos valores de 25 g/dia para uma dieta de 2000 kcal ou 30 g/dia para uma dieta de 2500 kcal como meta para a população americana. O programa norte-americano denominado National Cholesterol Education Program (NCEP) recomenda o consumo de 20g a 30g de fibras por dia como parte da meta para Mudanças Terapêuticas de Estilo de Vida na redução do colesterol sérico. Para maior redução de LDL-colesterol, o NCEP recomenda o consumo de 10 g/dia a 25g/dia de fibras solúveis.
Ainda não foram publicadas recomendações específicas de fibras para idosos, de maneira que o consumo de 10g a 13g de fibra alimentar por 1000 kcal com adequada ingestão hídrica poderia ser recomendada com segurança para este grupo.
Quanto às crianças, não existem recomendações para as menores de dois anos de idade, sendo sugerida introdução de frutas, hortaliças e cereais de fácil digestão no período de transição da dieta. Para crianças acima de dois anos, recomenda-se o consumo igual à idade da criança acrescido de 5g, podendo chegar no máximo até o valor da idade mais 10 g/dia. O Comitê de Nutrição da Academia Americana de Pediatria recomenda que a quantidade de fibra alimentar seja de 0,5g/Kg/dia. A partir da adolescência, preconizam que a ingestão média de fibras na alimentação deve ser em torno de 30 gramas por dia, através de alimentos variados ricos em fibras como frutas, verduras, farelos e grãos integrais.
A quantidade de fibra ingerida é inversamente proporcional ao tempo de trânsito intestinal e diretamente proporcional ao peso/ volume das fezes, pois com suas qualidades particulares ela promove a retenção de água e o aumento do bolo fecal com resíduos de fibras insolúveis, sais, ácidos biliares e outros, com o volume aumentado pela capacidade hidrofílica há o amolecimento das fezes, promovendo o movimento peristáltico, o que leva ao aumento da progressão fecal e da frequência de evacuação. Assim, a inclusão de fibras terá como principal efeito o bifidogênico, que é o estimulo da motilidade intestinal e contribuição na formação de consistência das fezes.
As fibras alimentares têm sido investigadas no tratamento e prevenção da obesidade, por aumentarem a saciedade, reduzirem a sensação de fome e a ingestão energética. As fibras alimentares podem influenciar a regulação do peso corpóreo através de mecanismos fisiológicos que envolvem efeitos hormonais e colônicos. Esses mecanismos agem reduzindo a ingestão alimentar pela promoção da saciedade, pelo aumento na oxidação de lipídios e na redução das reservas corporais de gordura.
A fibra alimentar possui a capacidade de melhorar a homeostase da glicose nos indivíduos diabéticos. Isso ocorre devido à retenção de líquidos causada pela fibra solúvel no intestino, diminuição da acessibilidade da enzima pancreática em alcançar os polissacarídeos da dieta pelo aumento da viscosidade do quimo e reduzindo a difusão da glicose pelo enterócito. A fibra tem efeito sobre a liberação de hormônios gastrintestinais, como o peptídeo inibidor gastrointestinal (GIP), a colecistocinina e o glucagon entérico que, juntamente com o estímulo parassimpático, retardam o esvaziamento gástrico, aumentam a motilidade intestinal e a liberação de glicose pelo pâncreas.
Dentre as aplicações da fibra na nutrição enteral podemos citar o gerenciamento da função do intestino, a intensificação da função absortiva e integridade do intestino, a manutenção da barreira intestinal, a melhora da tolerância à glicose e do perfil lipídico do sangue, normalização da microflora intestinal.

Referência bibliográfica
CATALANI, Lidiane Aparecida et al. Fibras alimentares. Rev Bras Nutr Clin, v. 18, n. 4, p. 178-82, 2003.
Raizel R, Santini E, Kopper AM, Filho ADR. Efeitos do consumo de probióticos, prebióticos e simbióticos para o organismo humano. Revista Ciência & Saúde 2011 Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faenfi/article/view/8352/7257.

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SUPLEMENTAÇÃO PROTEICA NO IDOSO

Por Isabella Brescia

A massa muscular é resultado da regulação entre catabolismo e síntese proteica. O equilíbrio proteico é a diferença entre a síntese das proteínas musculares e sua degradação. Quando a degradação é maior que a síntese, ocorre um balanço negativo, o que leva a um declínio não desejável da massa muscular em idosos. Os fatores responsáveis por essa degradação são físicos, químicos, metabólicos e nutricionais. Os fatores catabólicos, ou seja, fatores que contribuem com a diminuição da massa muscular, englobam a denervação, o desuso muscular, o estresse oxidativo, as citocinas pró-inflamatórias, a acidose, a resistência insulínica e os hormônios glicocorticoides. No entanto, o não uso da massa muscular (sedentarismo), acompanhado de estresse oxidativo, torna-se um dos maiores fatores determinantes do declínio dessa massa. É tendência natural, dessa forma, que a massa muscular diminua e que o padrão de distribuição da gordura corporal se modifique, levando ao aumento dos tecidos gordurosos das pernas e dos braços.

Com o avanço da idade, observa-se um declínio progressivo de massa muscular e, consequentemente, uma simultânea redução da força. A sarcopenia é definida como a perda progressiva de massa muscular, associada à redução da força e/ou função do músculo, sendo apontada como a principal responsável pela deterioração da capacidade funcional do indivíduo que está envelhecendo, afetando a capacidade de realizar movimentos, contração muscular e locomoção.

Em 13% a 24% dos indivíduos entre 60 e 70 anos de idade, e em mais de 50% daqueles acima de 80 anos é possível encontrar o diagnóstico da sarcopenia. A partir dos 75 anos, a prevalência da sarcopenia torna-se maior em homens (58%) que em mulheres (45%), podendo ser devido à diminuição na secreção do hormônio do crescimento (GH) e até pela redução dos níveis de testosterona.

Perda de dentição, alterações nas percepções sensoriais, diminuição de motilidade gástrica, constipação, alteração nos níveis e mecanismos de ação de determinados hormônios são as principais alterações fisiológicas relacionadas à diminuição da ingestão alimentar e consequentemente proteica, pelos idosos. A ingestão de proteínas é importante para o organismo devido à necessidade da presença de aminoácidos para importantes funções estruturais, motoras, metabólicas, hormonais e imunológicas. Muitas doenças e traumas aumentam o catabolismo proteico e a necessidade de proteína. A composição de aminoácidos da proteína ingerida pode afetar a eficiência da proteína ingerida e, consequentemente, das necessidades proteicas.

Segundo recomendações de nutrientes Dietary Reference Intakes (DRI – DIETARY REFERENCE INTAKES) com fundamento em análises de estudos de balanço nitrogenado em humanos, a ingestão dietética recomendada (RDA) de proteína de alto valor biológico para indivíduos saudáveis de ambos os sexos é de 0,8 g/kg de peso corporal por dia. De acordo com Salgado (2002), o consumo de proteínas para idosos saudáveis deve preencher 15% das necessidades calóricas diárias. Em momentos críticos de perda de peso e estados hipercatabólicos, recomendam-se ingestões que podem chegar até 1,5 g/kg/dia. As ingestões recomendadas de proteínas podem ser menores no caso de alterações hepáticas e renais.

O consumo adequado de proteínas, tanto para o aumento de massa muscular quanto para a sua manutenção a longo prazo e não somente como forma profilática por meio de suplementação e fontes proteicas de qualidade, por indivíduos idosos, auxilia diretamente no retardo do inevitável declínio de massa muscular e prolonga o aparecimento da sarcopenia e seus efeitos deletérios.

Referência Bibliográfica

CORONA, Ligiana Pires. Prevenção da sarcopenia no idoso. Revista Kairós-Gerontologia, v. 23, p. 117-127, 2020.

RIBEIRO, Luís Eduardo Guieu Galvão Telles. Adequação energético-proteica em idosos com sarcopenia: resultados do International Mobility In Aging Study–IMIAS Brasil. 2019.  Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

SALGADO, J. M. Nutrição na terceira idade. In: BRUNETTI, R. F.; MONTENEGRO, F. L. B. Odontogeriatria: noções e conceitos de interesse clínico. São Paulo: Artes Médicas, 2002. p. 62-70.

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