Por Isabella Brescia
O colágeno é uma proteína de origem animal, cuja função no organismo é contribuir com a integridade estrutural dos tecidos em que está presente. O colágeno é encontrado nos tecidos conjuntivos do corpo, tais como os ossos, tendões, cartilagens, veias, pele, dentes, bem como nos músculos e na camada córnea dos olhos. Porém, com o início da fase adulta, a deficiência de colágeno começa a ser notada, pois o organismo diminui sua produção.
O colágeno tem sua produção em queda após aos 30 anos, conforme essa diminuição na produção de colágeno ocorre no organismo, é preciso aumentar a ingestão de proteínas para aumentar a síntese de colágeno. As proteínas são nutrientes extremamente importantes para o corpo, desde o DNA até as estruturas da pele, músculos e os órgãos. Por conta dessa alta demanda, o organismo passa a dar menos prioridade para as estruturas como unhas, cabelos, pele e passa a dar mais prioridade ossos, músculos, órgãos e tecidos. Dessa forma a ingestão alimentar, as vezes, se torna insuficiente e por isso a suplementação em alguns casos é necessária para aumentar o aporte de colágeno.
O colágeno representa 30% de todas as proteínas do organismo. Todo o processo de cicatrização necessita do colágeno. Pela diminuição na síntese de colágeno, é perceptível o aumento de rugas, enfraquecimento ósseo, queda de cabelo, unhas quebradiças e processos mais patológicos que necessitam de suplementação. Existem diversos tipos de colágeno, são conhecidos 29 tipos que se diferenciam pela composição de aminoácidos, nos arranjos, no diâmetro e na localização dos tecidos.
Os tipos de colágeno são:
- Tipo I: é o tipo mais abundante dos colágenos, representa aproximadamente 90% de todo o colágeno corporal. Encontrado em: tendões, na derme, ossos e dentes.
- Tipo II: é encontrado na cartilagem das articulações e discos intervertebrais, diminuindo o atrito causado nas articulações, gerando uma proteção.
- Tipo III: é o segundo mais abundante, presente nos músculos lisos tais como vasos sanguíneos, estômago, intestinos, baço, fígado, rins, pulmões e coração.
- Tipo IV: esse tipo tem função de sustentação e revestimento, presente principalmente no tecido epitelial. Encontrado na pele, no revestimento estomacal, na bexiga, na uretra, nas paredes da cavidade torácica, em glândulas endócrinas, como a tireoide.
O predomínio de aminoácidos como glicina, prolina, lisina, hidroxiprolina, hidroxilisina e alanina, e a ausência da maioria dos aminoácidos essenciais como o triptofano, faz com que o colágeno seja considerado uma fonte proteica pobre para a dieta humana. Por outro lado, o colágeno é um exemplo claro do relacionamento da estrutura proteica e a função biológica, pois fornece resistência e elasticidade nas estruturas anatômicas na qual está presente. Assim, a falta de aminoácidos essenciais do colágeno não o torna inutilizável, pois suas frações apresentam um importante papel na dieta humana por se comportarem como fibra solúvel e por constituírem uma fonte de proteína animal.
Um avanço na medicina nutricional é a prevenção e o tratamento das disfunções gastrointestinais pelo consumo de fibras dietéticas, uma vez que esses compostos mantêm o funcionamento normal do trato gastrointestinal, aumentando o volume do conteúdo intestinal e das fezes, o que reduz o tempo de transição intestinal e ajuda a prevenir a constipação. Sua presença nos alimentos induz à saciedade no momento das refeições. Alguns estudos demonstram como o colágeno, e particularmente suas frações, obtidas por uma variedade de técnicas, provou ser mais eficiente do que as fibras de origem vegetal – como, por exemplo, na absorção de água e gelificação, promovendo sensação de saciedade e aumento do bolo fecal.
Além dos benefícios antienvelhecimento o colágeno hidrolisado auxilia no processo de cicatrização, no funcionamento intestinal e no controle da sarcopenia.
O colágeno hidrolisado é uma excelente fonte de aminoácidos de boa tolerância, digestibilidade e biodisponibilidade. A ingestão de 10 a 20 gramas diariamente estimula e facilita a síntese do colágeno tecidual e, portanto, ajuda a melhorar a regeneração dos tecidos colágenos, prevenindo e tratando doenças degenerativas que os afetam e também deterioração dérmica.
Devido à sua funcionalidade para a saúde, os grupos populacionais para os quais a suplementação está particularmente indicada são aqueles que estão mais em risco de deterioração (ou já sofrem dele) dos tecidos colágenos, seja devido à idade (em geral, a partir dos 40 anos), uso excessivo (esporte e atividade física intensa) ou outras circunstâncias como sobrepeso, menopausa, trauma, queimaduras, intervenções cirúrgicas, implantes dérmicos ou dentários e tratamentos oncológicos agressivos.
Referência bibliográfica
BLANC, Gisely. Efetividade da terapia nutricional enteral no processo de cicatrização das úlceras por pressão. Tese de doutorado da Universidade Federal do Paraná, 2013.
DE LA HOZ, Jaime Escalada. REVISIÓN DE LOS EFECTOS DEL COLÁGENO. Nutr Hosp, v. 32, n. Supl 1, p. 62-66, 2015.
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