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O uso de antioxidantes na Terapia Nutricional do paciente oncológico

A quimioterapia está entre os tratamentos mais frequentemente prescritos pelos médicos como principal forma de combate ao câncer.

Escrito por Isabella Brescia

No Brasil, o câncer é a terceira causa de morte (11,84% do total de óbitos) e a segunda por doença (27,63% do total), e a cada ano atinge pelo menos 9 milhões de pessoas, segundo dados da Organização Mundial de Saúde.1-3 A taxa de mortalidade associada ao câncer vem crescendo  nos últimos anos em função  do  envelhecimento  populacional,  do  processo  de  industrialização  e  das  mudanças de  hábitos  de  vida.  Devido aos fatos apontados, o câncer é  considerado  um problema  de  saúde  pública  e  esforços  devem ser  mobilizados  para  sua  prevenção  e  cura.

A quimioterapia está entre os tratamentos mais frequentemente prescritos pelos médicos como principal forma de combate à doença. Entretanto, o tratamento quimioterápico é agressivo ao sistema imunológico do paciente devido, principalmente, à toxicidade causada pelas drogas antineoplásicas. Devido à sua inespecificidade quanto às células cancerígenas, muitas células sadias são atingidas, principalmente as que de forma natural se multiplicam rapidamente, causando efeitos colaterais.

Dentre os efeitos adversos induzidos pela toxicidade do tratamento antineoplásico se incluem: constipação, diarreia, mucosite, náuseas, vômitos, xerostomia, alteração no paladar e má absorção de nutrientes. Tais efeitos podem promover um quadro de desnutrição. Essa condição é associada ao paciente oncológico em decorrência da diminuição da ingestão alimentar, alterações metabólicas, morfológicas e funcionais causadas pelo tumor, além do aumento da necessidade energética decorrente do crescimento tumoral. Vale ressaltar que a ocorrência de desnutrição depende da frequência e do tempo de submissão ao tratamento, além da duração da manifestação dos sintomas e da adequação da ingestão alimentar.

Pacientes que apresentam perda de peso durante o tratamento com drogas antineoplásicas relatam maior sintomatologia e aumento da toxicidade quando comparados com aqueles que mantem a estabilidade do peso. O aumento da toxicidade está associado a redução da tolerância e efetividade do tratamento, acarretando uma maior taxa de morbimortalidade e redução da qualidade de vida.

Na abordagem radioterápica a intensidade dos efeitos colaterais, que aparecem geralmente na 3ª semana de aplicação, depende do local do corpo, extensão da área irradiada, tipo de radiação, e aparelho utilizado. O sintoma que tem maior impacto na alimentação do paciente é a perda de apetite e dificuldade para ingerir alimentos. Em alguns casos ocorre também o espessamento da saliva podendo alterar a percepção do sabor dos alimentos.

Pesquisas indicam que  a  terapia nutricional  pode  exercer  grandes benefícios ao tratamento oncológico por meio da   minimização   dos   efeitos   adversos produzidos  pelo  tratamento  antineoplásico, promovendo  um  melhor  estado  de  saúde  ao paciente.  Alguns nutrientes  antioxidantes,  como  as  vitaminas A,  C  e  E  minimizam  os  efeitos  tóxicos produzidos  pelas  drogas  antineoplásicas  e interferem  positivamente  na  resposta  ao tratamento  empregado. As interações  entre antineoplásicos  e  antioxidantes  promovem  a potencialização  do  mecanismo  de  ação  das drogas,  resultando  em  diminuição  do tamanho do tumor com produção de menores efeitos  colaterais,  melhoria  da  qualidade  de vida dos pacientes oncológicos e maior tempo de  sobrevida.

Os antioxidantes são substâncias capazes de atrasar ou inibir a oxidação de um substrato, seu papel é proteger as células sadias do organismo contra a ação oxidante das espécies reativas de oxigênio. Antioxidantes metabólicos pertencem à classe de antioxidantes endógenos ou enzimáticos, como a GSH, ácido lipóico, L-arginina, coenzima Q10, melatonina, ácido úrico, bilirrubina, que são produzidos através de reações metabólicas do organismo. Nutrientes antioxidantes pertencem à classe de antioxidantes exógenos ou não-enzimáticos e podem ser adquiridos através do consumo de alimentos fonte ou através do consumo de suplementos alimentares, como vitamina E, vitamina C, carotenóides, elementos traços como Selênio, Cobre, Zinco e Manganês, flavonóides, polifenóis.

Os compostos antioxidantes agem de formas diferentes contra esses radicais livres, principalmente por meio de três linhas de defesas orgânicas. A primeira é através da prevenção, caracterizada pela inibição da produção de substâncias nocivas. A segunda, é a interceptação, em que os antioxidantes interrompem as atividades dos radicais livres. E a terceira e última, é o reparo, que acontece quando as duas primeiras linhas não foram totalmente efetivas.

Os achados em artigos científicos sugerem que a suplementação de vitaminas e minerais antioxidantes no paciente oncológico, em sua grande maioria, apresentam resultados positivos na amenização de efeitos adversos gerados pela quimio e radioterapia utilizadas como tratamento antineoplásico, sendo essas terapias concomitantes ou não. Sugerem também que podem haver variações nos resultados da suplementação de acordo com o tempo e intensidade do tratamento, gravidade das alterações fisiológicas geradas pelo mesmo e resposta biológica do indivíduo. Dentre os benefícios observados, destaca-se a capacidade dos antioxidantes utilizados em restaurar o status antioxidante dos pacientes, normalmente diminuído devido à fisiopatologia do câncer e ao tratamento, além da atenuação de efeitos colaterais causados pelo tratamento, principalmente na cavidade oral. Felizmente, a melhora de condições relacionadas à cavidade oral influencia diretamente, de maneira positiva, no consumo alimentar do paciente.

Finalmente, os resultados obtidos reforçam a necessidade de monitoramento nutricional de forma integral, desde o diagnóstico até o final do tratamento quimio/radioterápico, com o objetivo de minimizar e/ou evitar as repercussões negativas ocasionadas tanto pela doença como pelo tratamento no estado nutricional e, consequentemente, na qualidade de vida dos indivíduos que passam por esse processo. Ainda, aponta-se a importância do acompanhamento bioquímico e dietético dos níveis destes nutrientes no paciente oncológico, sendo necessário o planejamento futuro de estratégias racionais para a administração destes antioxidantes na dieta como possíveis adjuvantes no tratamento do câncer.

Referência bibliográfica

PARDINHO, Giovana Jorge Rosa et al. Impactos da utilização de compostos antioxidantes como parte da terapia nutricional do paciente oncológico em tratamento. Advances in Nutritional Sciences, v. 1, n. 1, p. 62-72, 2020.

DOS SANTOS, Helimar Senna; DE SOUZA CRUZ, Wanise Maria. A terapia nutricional com vitaminas antioxidantes e o tratamento quimioterápico oncológico. Revista Brasileira de cancerologia, v. 47, n. 3, p. 303-308, 2001. ROHENKOHL, Caroline Cavali; CARNIEL, Ana Paula; COLPO, Elisângela. Consumo de antioxidantes durante tratamento quimioterápico. ABCD. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva (São Paulo), v. 24, p. 107-112, 2011.

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Beta alanina e rendimento no esporte

A suplementação    de    beta-alanina parece  ser  segura  em  populações  saudáveis nas  doses  recomendadas.

Por Isabella Brescia

A fadiga muscular, que pode ser definida como a incapacidade do musculo esquelético em manter uma determinada tensão ou de manter o exercício físico a uma dada intensidade, é um dos principais fatores que influenciam o rendimento esportivo. Embora sua causa seja multifatorial, evidências indicam um papel relevante da depleção de substratos energéticos e o acúmulo intramuscular de metabólitos como adenosina difosfato (ADP), fósforo inorgânico (Pi), ácido lático, lactato e íons de hidrogênio (H+) como potenciais causadores da fadiga muscular.

A explicação mais clássica e aceita é relativa ao acúmulo de ácido lático intramuscular. O lactato não exerce nenhum efeito negativo sobre a função contrátil do músculo, entretanto os íons de H+ resultantes da dissociação do ácido lático têm real importância na contração muscular, sendo responsáveis por um processo denominado acidose muscular. O acúmulo de H+ proporciona redução do potencial hidrogeniônico (pH), acidificando o meio, contribuindo para a fadiga intramuscular e promovendo uma série de consequências negativas, como redução da tensão músculo-esquelética, inibição da atividade da enzima glicolítica fosfofrutoquinase e limitação da contração muscular.

Uma maneira eficaz de neutralizar esse efeito é o tamponamento desse elemento. Um recurso ergogênico muito utilizado e com forte evidência científica é a suplementação com beta-alanina. A  beta-alanina  é  um  aminoácido produzido   endogenamente no fígado podendo    também    ser obtida através do consumo  de  alimentos  como  carnes.

A beta-alanina é um precursor limitante da síntese da carnosina, um  dipeptídeo  formado pela  combinação  dos  aminoácidos  L-histidina e  beta-alanina  através  da  enzima  carnosina sintase. Essa enzima apresenta maior afinidade   pela   histidina   em   comparação   à beta-alanina. Além disso, a concentração intra e extracelular de histidina  é  significativamente maior do que a de beta-alanina, o que torna a síntese de carnosina limitada pela disponibilidade de beta-alanina. A    carnosina   é   predominantemente armazenada   no   músculo   esquelético uma   de   suas   funções   é   tamponar prótons intracelulares, reduzindo a acidose e o tempo de fadiga.

Além de sua  função  como  tampão  de prótons, recentemente, outros papéis têm sido atribuídos  à  carnosina,  como  proteção  contra danos   oxidativos,   glicação   e   regulação   da sensibilidade ao cálcio. O aumento da  carnosina  no  músculo tem  sido  considerado  um  fator  de  reforço  das capacidades  físicas  e  diminuição  da  fadiga neuromuscular. Porém, a suplementação de carnosina oral é  um  método  ineficiente  para  elevar  os níveis   de   carnosina   muscular   nos   seres humanos devido  ao  fato  de  não  ser  absorvida  em  sua forma  íntegra.

A  suplementação   de  1,6g  /   dia  de beta-alanina  durante  2  semanas  mostrou-se suficiente    para    aumentar    os    níveis    de carnosina muscular, enquanto  benefícios  no exercício foram apesentados a partir de doses que  variam  de  3,2  a  6,4g  /  dia  durante  4-12 semanas.   Os indivíduos  são  aconselhados  a  suplementar beta-alanina  diariamente  por  um  mínimo  de  2a 4 semanas com uma dose de 3,2 a 6,4g / dia divididas ao longo do dia (0,8 a 1,6g a cada 3-4  horas). Essa  suplementação  resulta  em  um  aumento de  20  a 30%  nas concentrações de carnosina no   músculo   em   duas   semanas, com maiores benefícios observados  após  4  semanas  (40  a  60%  de aumento).

A beta-alanina é absorvida tanto no jejuno quanto no íleo – em taxas semelhantes, e transportada diretamente para a circulação através dos enterócitos, um substrato comum a esse transportador é a taurina, sugerindo, então, que pode haver competição entre taurina e beta-alanina, se ingeridas concomitantemente. Logo, sugere-se evitar o consumo de taurina para impedir essa competição e, consequentemente, o declínio da absorção de beta-alanina. Enquanto o consumo   de   beta-alanina juntamente   com   a   refeição   é  eficaz   para potencializar    o    aumento    dos    níveis    de carnosina  muscular.

O  fracionamento  da  ingestão  de  beta-alanina  é  indicado  para  evitar  os  sintomas  de parestesia,  descritos  como  formigamento  ou coceira causando irritação à pele,   que   aparece   dentro   de   10   a   20 minutos depois de consumir o suplemento e pode durar cerca de 60 minutos ou mais. Outra forma de se evitar os sintomas da parestesia é utilizar uma    formulação    de liberação lenta,   reduzindo   a   concentração plasmática   máxima   de   uma   dose   única, enquanto  a  liberação  no  sangue  é  mantida durante    6 horas.

Por fim, a suplementação    de    beta-alanina parece  ser  segura  em  populações  saudáveis nas  doses  recomendadas,  com  moderada  a alta  probabilidade  de  aumentar  a duração do exercício e desempenho, retardando a fadiga muscular.

Referência bibliográfica

FERREIRA, Carolina Caberlim et al. Atualidades sobre a suplementação nutricional com beta-alanina no esporte. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, v. 9, n. 51, p. 271-278, 2015.

PAINELLI, Vitor de Salles. Influência do estado de treinamento sobre o desempenho físico em resposta à suplementação de beta-alanina. 2013. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

ZANDONÁ, Bruna Amorim et al. Efeito da suplementação de beta-alanina no desempenho: uma revisão crítica. RBNE-Revista Brasileira De Nutrição Esportiva, v. 12, n. 69, p. 116-124, 2018. LAGE, Marcelo Henrique et al. Efeitos ergogênicos da beta-alanina para a performance. Cadernos UniFOA, v. 16, n. 46, 2021.

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Nutrição na Melhor Idade

Para gozar de boa saúde, se sentir forte e bem-disposto o idoso precisa de nutrientes ativos para melhorar o sistema imune.

Escrito por Isabella Brescia

Envelhecer bem depende de uma boa alimentação e se manter ativo, nos dias de hoje, as pessoas estão se mantendo mais em forma, se sentindo melhor, mais capaz e vivendo por mais tempo que no passado. Embora os genes tenham seu papel no processo de envelhecimento, a alimentação nessa fase da vida pode fazer toda a diferença na qualidade de vida.

Nesse período, o corpo se torna menos eficiente em absorver e metabolizar diversos minerais e vitaminas, além do uso prolongado de alguns medicamentos que podem reduzir a absorção de certos nutrientes. Portanto é ainda mais importante que os alimentos consumidos sejam nutritivos. Outro fator importante é a redução das atividades diárias, resultando num ritmo metabólico mais lento e consequentemente no ganho de peso.

O excesso de peso aumenta o risco de doenças mais graves como diabete, hipertensão arterial e doenças cardíacas, e exige um esforço extra das articulações, tornando doenças como artrite mais dolorosas e osteoartrite mais frequente (condição degenerativa que afeta as articulações do quadril e joelho causando dor, rigidez e perda de mobilidade).

Uma em cada 10 pessoas acima de 60 anos desenvolve a diabete não dependente da insulina, e a mudança na alimentação na maioria das vezes é suficiente para controlar a doença. A melhor forma de se proteger contra a diabete é manter o peso saudável e praticar atividade física regularmente. O risco de se tornar diabético é 5 vezes maior em pessoas com o índice de massa corporal acima de 30, e a atividade física regular reduz o risco em 40%.

Os sentidos de olfato e paladar vão se tornando menos aguçados com a idade, e o idoso se sente tentado a usar mais sal, correndo o risco de aumentar sua pressão arterial. Em vez de aumentar o sal, o ideal é experimentar o uso de alho, suco de limão, mostarda e vinagre de maçã para temperar os pratos. O cuidado dos dentes não deve ser negligenciado e se faz uso de prótese, elas devem se ajustar bem a gengiva, para que o idoso possa saborear a comida sem desconforto.

Para gozar de boa saúde, se sentir forte e bem-disposto o idoso precisa de nutrientes ativos para melhorar o sistema imune:

Vitamina B6 e B12

À medida que envelhecemos a absorção dessas vitaminas diminui, portanto, na maioria das vezes é necessário tomar suplementos. Carne de porco, peixes, ovos, cereais, integrais, pão integral, banana, leguminosas e nozes são boas fontes.

Vitamina C

Além de um excelente antioxidante, a vitamina C fortalece o sistema imune, promove a cicatrização e aumenta a absorção de ferro. Frutas cítricas, tomate, pimentão e brócolis contém em abundância.

Vitamina E

A vitamina E, que é encontrada sobretudo em cereais integrais, verduras, azeite e vegetais, apresenta importante papel antioxidante, na estimulação da resposta imunológica e na inibição da formação de moléculas produtoras de tumores. Há estudos que relacionam a ingestão de vitamina E à redução de incidência de risco cardiovascular, ao retardo da progressão de demências já instaladas, como a doença de Parkinson e a de Alzheimer e ao aumento da capacidade funcional de indivíduos idoso

Vitamina D e Cálcio

A vitamina D ajuda a absorver o cálcio e mantém os ossos e músculos saudáveis além de participar do metabolismo de vários órgãos. Muitos idosos apresentam deficiência de vitamina D, que é produzida pela ação dos raios solares sobre a pele. Quando o tempo estiver bom, 30 minutos de exposição solar diariamente são suficientes para manter os níveis sanguíneos. À medida que o corpo envelhece a absorção de cálcio vai se tornando menos eficiente. Os laticínios são as melhores fontes. Suplementos de vitamina D e cálcio na maioria dos idosos se faz necessário.

Potássio e Magnésio

O uso prolongado de medicamentos, como diuréticos, pode acelerar a perda de potássio e magnésio, e níveis baixos desses minerais podem causar depressão e fraqueza muscular. Banana, carne, batata, laranja e frutas secas são ricas em potássio e nozes, banana, damasco e soja oferecem boa quantidade de magnésio.

Zinco e Cobre

Ambos fortalecem o sistema imune e com frequência seus níveis são baixos em idosos. Carne, fígado, abóbora e semente de girassol são boas fontes de zinco e quanto ao cobre é encontrado em cacau em pó, fígado e nozes.

Proteínas

Essencial para regeneração e construção dos tecidos. O idoso precisa de 1,0 a 1,5 de proteínas/ kg de peso/dia que pode ser obtido nas carnes magras, laticínios, leguminosas e suplementos proteicos.

Líquidos

Nessa fase da vida o corpo está menos sensível a sede e mais vulnerável a desidratação. Há casos em que a confusão mental, diagnosticada como senilidade, é interrompida pelo aumento da ingestão de líquidos. Água, suco de frutas, chá de ervas, vegetais e frutas suculentas devem ser ingeridos várias vezes ao dia. No entanto chás com alto teor de cafeína (chá verde, chá preto e chá mate), café e álcool devem ser evitados por serem diuréticos.

O envelhecimento não é algo a ser temido, ao contrário, é um período de maturidade relaxada e realizada, e não de declínio passivo. Uma alimentação equilibrada, associada a prática de exercícios físicos e suplementos são formas de prolongar as atividades prazerosas assim como a expectativa de vida.

Referência bibliográfica

HUNTER, Fiona et al, A Comida Certa para o seu Corpo. Rio de Janeiro, Reader`s Digest, 2003 TRAMONTINO, Vanessa Silva et al. Nutrição para idosos. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo, v. 21, n. 3, p. 258-267, 2017.

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saúde

Alimentos para combater a tristeza

Há evidências de que a alimentação influencia o equilíbrio do bem-estar físico e mental.

Por Isabella Brescia

Ninguém é feliz o tempo todo e é natural nos sentirmos tristes de vez em quando, mas a depressão e outros distúrbios do humor são mais que apenas um episódio de tristeza. Se você apresenta sensações persistentes de desesperança, pessimismo e tristeza profunda, pode haver um motivo real para preocupação. Essas sensações podem afetar sua alimentação, sono, autoestima e até a capacidade de aproveitar a vida. Os casos mais sérios de depressão requerem a ajuda de um médico.

A alimentação pode não ser a solução completa, mas há evidências de que ela influencia o equilíbrio do bem-estar físico e mental. As pessoas deprimidas com frequência perdem o apetite ou se enchem de comidas sem nutrientes, as chamadas junk foods, além de se sentirem desmotivadas para cozinhar. Um círculo vicioso se forma: hábitos alimentares incorretos levam a deficiências nutricionais que, por sua vez, aumentam os sintomas de depressão. Comer alimentos ricos desses nutrientes deficientes associados à prática regular de atividade física pode produzir melhoras significativas em pessoas que sofrem de depressão leve a moderada.

Se você estiver deprimido sua prioridade deve ser uma alimentação balanceada rica nos seguintes nutrientes, que estão associados a depressão:

  • Vitaminas do complexo B
    Pessoas deprimidas tendem a apresentar níveis baixos de vitamina B6, que é necessária para a produção de serotonina, substância responsável por melhorar o humor. Níveis baixos de B2, B12 e ácido fólico também podem resultar em depressão. Para aumentar a ingestão de vitaminas do complexo B, coma carne magra, aves, peixes, ovos, nozes, soja, banana, laticínios, cereais enriquecidos e vegetais folhosos.
  • Vitamina C

Também é reduzida em pessoas que sofrem de depressão. Coma muitas frutas, verduras e legumes crus e frescos. Frutas cítricas, morango, goiaba, kiwi, acerola e pimentões são ótimas fontes de vitamina C.

  • Ferro

A deficiência de ferro pode levar a depressão, pois ele é essencial para a produção de serotonina. As mulheres que fazem uso de anticoncepcionais oral vão estar mais propensas a depressão se seus níveis de ferro estiverem baixo. Os alimentos ricos em ferro incluem carne vermelha, gema de ovo, fígado, feijão, grão de bico, cereais integrais, nozes e vegetais folhosos.

  • Selênio

As pessoas com deficiência desse mineral antioxidante também podem experimentar sensações de depressão e ansiedade. O selênio é encontrado em carne, peixes, frutos do mar, grãos integrais, abacate e laticínios.

  • Zinco

Mineral essencial para que o corpo transforme o triptofano em serotonina é encontrado em ostras, carne vermelha, aves, ovos, laticínios, amendoins e semente de girassol.

  • Magnésio

Mineral com capacidade de reduzir o stress, insônia, ansiedade e depressão. Ele pode ser encontrado em cereais integrais, grãos, figos secos, nozes e sementes.

  • Ômega 3

Ácido graxo que melhora o funcionamento cerebral reduzindo a ansiedade e as alterações de humor encontrado em peixes gordurosos como salmão, arenque, sardinha, cavalinha e atum.

Além disso você pode experimentar as seguintes sugestões:

  • Faça refeições pequenas e regulares para manter equilibrados os níveis de glicose em seu sangue e evite lanches gordurosos e açucarados.
  • Coma uma banana madura por dia para elevar os níveis de serotonina.
  • Se você não gosta de peixe ou tem dificuldade de encontrar para comprar, tome um suplemento diário de óleo de peixe.
  • Apenas uma castanha do Pará por dia já fará você se sentir melhor! Ela é uma excelente fonte de selênio.
  • Use mais pimenta como tempero, a capsaicina responsável pela ardência da pimenta estimula a liberação de endorfinas responsáveis pela sensação de bem-estar.

Uma alimentação saudável e equilibrada pode melhorar seu estado de espírito reduzindo os sintomas da depressão, como ansiedade, insônia e oscilação de humor, mas lembre-se sempre de procurar um médico se esses sintomas forem constantes.

Referência bibliográfica

HUNTER, Fiona et al, A Comida Certa para o seu Corpo. Rio de Janeiro, Reader`s Digest, 2003 SEZINI, Angela Maria; DO COUTTO GIL, Carolina Swinwerd Guimarães. Nutrientes e depressão. Vita et Sanitas, v. 8, n. 1, p. 39-57, 2014.

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O triptofano e o sono

Triptofano é um aliado para o tratamento das desordens do sono.

Escrito por Isabella Brescia

O sono é um processo biológico que apresenta alternância com períodos de vigília, modulado por hormônios e funções neuronais, tais como mecanismos fisiológicos que modificam a temperatura corporal, produção de hormônios e função cardíaca, levando a um estado neurológico restaurador essencial ao crescimento aprendizado/memória e funcionamento do organismo. Anormalidades no sono podem acarretar má qualidade de vida e a longo prazo em hipertensão, diabetes, obesidade, depressão, ataque cardíaco e acidente vascular cerebral.

Vários produtos farmacológicos são usados para melhorar os sintomas da sonolência ou do sono pobre em duração e qualidade. O uso de ansiolíticos e hipnóticos tem aumentado muito na última década, entretanto, o uso por longo período não é recomendado, principalmente em idosos, devido ao risco de desenvolvimento de dependência e de outros efeitos adversos, que podem manifestar-se por sonolência, vertigem, cansaço, confusão mental, cefaleia, ansiedade, letargia, ataxia, hipotensão postural, amnésia retrógrada, acidentes, tolerância, dependência e aumento na frequência de quedas.

Acredita-se que um aliado para o tratamento das desordens do sono seja o triptofano (TRP), que por sua vez, é um aminoácido precursor da melatonina e serotonina. O TRP e alguns dos seus produtos metabólicos, como serotonina e melatonina, participam da regulação do humor, do sono e dos ritmos circadianos e são usados para tratar insônia e apnéia do sono.

O consumo de alimentos como leite, frutas frescas, vegetais, grãos integrais, fontes de proteínas com baixo teor de gordura, vitaminas do complexo B, minerais e carboidratos não refinados têm sido relacionados à qualidade do sono. Entre esses alimentos, aqueles que afetam a disponibilidade de triptofano e a síntese de serotonina e melatonina podem interferir no ciclo sono-vigília. 

Quando a concentração de triptofano na corrente sanguínea aumenta, sua passagem pela barreira hematoencefálica é facilitada e, no cérebro, esse aminoácido é metabolizado seguindo duas vias principais: a via da quinurenina e a via do 5-hidroxitriptofano. A enzima triptofano-2,3-dioxigenase (TDO) catalisa o primeiro passo da via da quinurenina, onde o triptofano é convertido em niacina (vitamina B3). A niacina, por sua vez, suprime a atividade da TDO, priorizando o caminho da formação do 5-hidroxitriptofano. Nesse caminho, o triptofano é convertido em serotonina, que, por meio de um processo enzimático dependente de ácidos graxos, é convertida em melatonina na glândula pineal.

A secreção da melatonina ocorre exclusivamente à noite, iniciando-se cerca de 2 horas antes do horário habitual de dormir atingindo níveis plasmáticos máximos entre 03:00 e 04:00 horas, variando de acordo com o cronotipo (ciclo fisiológico de 24 horas) do indivíduo.

Entre as várias ações da melatonina já comprovadas, se destacam: imunomodulatória (agindo sobre linfócitos, citocinas, entre outros), antiinflamatória (inibindo prostaglandinas e regulando a COX-2), antitumoral (inibindo mitoses e suprimindo a recaptação do ácido linoléico, regulando assim receptores de estrogênio), antioxidante (regulando pró-oxidantes envolvidos na síntese do óxido nítrico e lipoxigenases), e cronobiológica (regulando os ritmos biológicos).

As condições do indivíduo (temperatura, sonolência) e do ambiente (luzes acesas, postura durante o sono) no momento da administração da melatonina parecem ser importantes e influenciam a eficácia, independentemente da dose. Administração de 2 mg às 17:00 horas sem qualquer controle da luz do ambiente ou da postura do paciente provoca sonolência somente após cerca de 3 a 4 horas, enquanto pequenas doses (0,1 a 10 mg) administradas a indivíduos em deitados e sob luz fraca induzem o sono rapidamente. Posteriormente, evidenciou-se que tais resultados diferiam devido à postura, pois o decúbito facilita a sonolência.

Para análise da eficácia de drogas sobre o sono, são avaliados os seguintes critérios: latência para o início do sono; eficiência do sono; duração total do sono; sentimento de sono restaurador; melhora da funcionalidade no período diurno. Considerando os três primeiros critérios (por serem objetivos) observamos os efeitos benéficos do triptofano e da melatonina com poucos ou nenhum efeito adverso relatado, mas com garantia de boa qualidade do sono. Assim, a suplementação com triptofano ou melatonina pode representar uma excelente alternativa terapêutica no tratamento da insônia no sentido de promover ao paciente a redução dos efeitos adversos e a eficácia terapêutica almejada, contribuindo com o uso racional de medicamentos hipnóticos.

Referências Bibliográficas

DE ANDRADE, Eduarda Aparecida Franco et al. L-Triptofano, ômega 3, magnésio e vitaminas do complexo B na diminuição dos sintomas de ansiedade. Id on Line Revista de Psicologia, v. 12, n. 40, p. 1129-1138, 2018.

GONÇALVES, Laura Faustino; HAAS, Patrícia. Impacto da alimentação associada ao hábito do sono: uma revisão sistemática. Research, Society and Development, v. 9, n. 11, p. e57791110238-e57791110238, 2020.

LIMA, Leonardo da Silva; SILVA, Carla Pequeno da. Triptofano no sono: uma revisão sistemática baseada no método PRISMA. Id on Line Rev.Mult. Psic., 2018, vol.12, n.42, Supl. 1, p. 397-407. ISSN: 1981-1179.

MARINS, Lais et al. Dieta rica em triptofano pode influenciar a qualidade do sono em diferentes fases da vida. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde, v. 15, p. 44327, 2020. SILVA, Daiany Bordini da et al. Benefícios do uso da melatonina no tratamento da insônia e qualidade do sono. CuidArte, Enferm, p. 75-80, 2020.

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Vitamina D

A vitamina D pode vir de fontes alimentares ou através da exposição À luz solar.

Escrito por Isabella Brescia

O papel da vitamina D na regulação do metabolismo fósforo – cálcio, assegurando, entre outras funções, uma mineralização óssea normal, é há muito conhecido. Evidências recentes correlacionam níveis insuficientes de vitamina D com um risco aumentado de desenvolvimento de outras patologias não ósseas: doenças cardiovasculares, hipertensão, neoplasias, diabetes, esclerose múltipla, demência, artrite reumatoide, doenças infeciosas. Os diferentes efeitos da vitamina D são mediados por vários receptores em diferentes órgãos além dos ossos e intestino, como cérebro, próstata, mama, células do sistema imunitário, do músculo liso vascular e em miócitos cardíacos, que regulam mais de 200 genes. Valores plasmáticos suficientes de vitamina D são, portanto, fundamentais para manter uma boa saúde em geral.

A vitamina pode ser sintetizada na pele a partir da exposição à luz solar (radiação ultravioleta na faixa de 290-315  nm) ou vir de fontes alimentares (entre 100-200  UI por dia)  como peixes de águas geladas, gema de ovo, laticínios e cogumelos.

A síntese de vitamina D através da pele é bastante variável, dependendo da pigmentação, latitude, estação do ano, vestuário, idade, uso de protetor solar e condições meteorológicas locais. Os níveis de vitamina D são consideravelmente mais baixos na raça negra do que na raça branca, devido à maior pigmentação da pele. Nas latitudes nórdicas, estes níveis nivelados cerca de 20% desde o final do verão até a ocorrência do inverno, no entanto, 30 minutos de exposição corporal ao sol durante o verão rapidamente originam vitamina D suficiente.

Os níveis de vitamina D podem ainda variar de acordo com fatores hormonais, genéticos e nutricionais. Por exemplo, o Índice de Massa Corporal (IMC) correlaciona-se de forma indireta com os valores séricos de vitamina D, que são menores em obesos. Esta diferença pode ser parcialmente explicada pela diminuição da atividade física e exposição solar em obesos.

Como discutido anteriormente, a deficiência de vitamina D não é somente um fator para doenças ósseas como raquitismo, osteomalácia e osteoporose, mas também pode ter participação no desenvolvimento de doenças malignas, inflamatórias e autoimunes. Adequada concentração sérica desta vitamina é muito importante para todos os estágios de vida, desde o desenvolvimento fetal até a senescência. É consenso que o nível sérico da 25-OHD3 é o melhor indicador de suficiência de vitamina D. Os níveis séricos tidos como adequados ou não ainda são muito discutidos na literatura. Bischoff-Ferrari e col., em 2006, avaliaram qual seria a concentração sérica ótima da 25- OHD3 para resultados não esqueléticos de significante importância para a saúde pública, incluindo função das extremidades baixas, quedas, saúde dental e prevenção de câncer colorretal durante a vida adulta. Os autores concluíram que a concentração sérica que traria maiores benefícios seria aquela em torno de 75 nmol/l (30ng/ml), mas que melhor ainda seria entre 90 e 100 nmol/l 36-40 ng/ml).

A vitamina D usada para fins de suplementação ocorre em 2 formas principais: o colecalciferol (vitamina D3, a forma animal natural) e o ergocalciferol (vitamina D2, derivado das plantas). Estudos sugerem que estas 2 vitaminas são equivalentes; ambas aumentam os níveis séricos de 25(OH)D de forma semelhante, sugerindo uma absorção equivalente. Foi demonstrado, no entanto, que, apesar dos aumentos dos níveis séricos de 25(OH)D serem semelhantes após 3 dias nos doentes tratados com vitamina D3, os níveis séricos de 25(OH)D continuam a aumentar atingindo valores máximos após 14 dias. Nos doentes tratados com vitamina D2 os níveis séricos de 25(OH)D caem rapidamente; ao 14.° dia estes valores são idênticos aos observados antes do tratamento.

Sugere-se que todos os adultos com défice de vitamina D sejam tratados com 50.000 IU de vitamina D3, uma vez por semana, durante 8 semanas, ou o seu equivalente de 6.000 IU/dia de vitamina D3, para atingir um nível sérico de 25(OH)D acima de 30 ng/ml, seguida de terapêutica de manutenção com 1.500-2.000 IU/dia.

Em doentes obesos, doentes com síndromes de mal absorção e doentes sob medicação que afeta o metabolismo da vitamina D, sugere-se uma dose mais elevada (2-3 vezes maior; no mínimo 6.000-10.000 IU/dia) de vitamina D para corrigir o défice de vitamina D e manter um nível sérico de 25(OH)D acima de 30 ng/ml, seguida de terapêutica de manutenção com 3.000-6.000 IU/dia.

Segundo dados da Food and Nutrition Board da National Academy of Sciences dos EUA não foi observado toxicidade com o uso continuado da vitamina D3 em doses até 10.000  UI / dia, numa população adulta saudável. Também o uso de doses elevadas (100.000  UI de vitamina D3, de 4 em 4 meses) se revelou seguro numa população adulta e saudável com idade superior a 65 anos.

Casos de intoxicação por vitamina D são muito raros. Podem ocorrer devido a superdosagens em decorrência de erros na formulação de medicamentos, suplementos e alimentos fortificados, quando a vitamina D é adicionada em quantidade excessiva, ou devido ao abuso da ingestão de suplementos. Longa exposição ao sol e excessiva ingestão de alimentos naturalmente ricos em vitamina D não causam intoxicação dessa vitamina. A intoxicação de vitamina D pode levar à hipercalcemia e/ou hipercalciúria e hiperfosfatemia, resultando em perda óssea, litíase renal e calcificação de vasos sanguíneos e rins, se não for tratada por um longo período. Os sintomas da toxicidade incluem perda de apetite, náuseas, vômito, constipação, poliúria, polidipsia, desorientação, perda de peso e, em alguns casos, pode causar  insuficiência renal.

Referências Bibliográficas

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saúde

O papel da Vitamina C

A vitamina C é vital para o processo de cura do corpo.

Escrito por Isabella Brescia

As vitaminas são substâncias orgânicas de pequeno peso molecular, que agem em pequenas doses, sem qualquer valor energético intrínseco; devem ser fornecidas ao organismo que é incapaz de assegurar sua biossíntese, a fim de promover o funcionamento adequado do organismo.

A descoberta do ácido ascórbico (Vitamina C) foi originada dos estudos realizados para detectar a substância existente nas frutas e verduras, que impedia a proliferação do escorbuto entre os marinheiros em longas viagens. Durante as aventuras transoceânicas, os homens do mar alimentavam-se de carne de charque bovina ou de porco, com pão e rum. Não havia em sua dieta frutas e verduras. Dentro deste contexto surgia o escorbuto comprometendo as articulações e provocando inflamações das gengivas, perdas dos dentes e hemorragias causadas pelo rompimento das paredes dos vasos sanguíneos, o sistema imunológico deteriorava-se e o indivíduo morria.

A absorção do ácido ascórbico ocorre no jejuno e no íleo, que são porções distais do intestino delgado, sendo para isto necessária a presença de sódio na luz intestinal. A capacidade que o intestino tem de absorver o ácido ascórbico é de aproximadamente 1 200 mg/24h. Quando o suprimento em ácido ascórbico aumenta muito, a absorção diminui, passando de 49,5% para uma dose oral igual a 1,5 g, a 16,1% para dose igual a 12 g.

O ácido ascórbico distribui-se amplamente em todos os tecidos do organismo. Alguns tecidos, como a glândula supra-renal, a hipófise e a retina, são ricos em ácido ascórbico (1 a 2 mg/g); outros como o fígado, os pulmões, o pâncreas e os leucócitos têm teores médios (0,1 a 1 mg/g). Ainda outros, como os rins, os músculos e os eritrócitos, têm pequenos teores de ácido ascórbico. As reservas corporais totais variam no homem de aproximadamente zero a 3 000 mg; um estoque de 3 000 mg só pode ser mantido com elevados níveis de ingestão, ou seja maiores que 1 g/dia.

A vitamina C participa na hidroxilação da prolina para formar hidroxiprolina na síntese do colágeno e para a integridade do tecido conjuntivo, das cartilagens, da matriz óssea, da dentina, da pele e dos tendões. Está também envolvida na cicatrização, fraturas, contusões, hemorragias puntiformes e sangramentos gengivais. Também reduz a suscetibilidade às infecções (Jacob, 1988). O ácido ascórbico acelera a absorção intestinal dos íons de ferro e sua mobilização, mesmo na presença de fatores inibidores (fitatos, polifenóis, fosfatos, carbonatos e taninos), e influenciando sua distribuição dentro do organismo. Tem sido demonstrado experimentalmente que a vitamina C pode inibir a síntese de Desoxyribonucleic Acid (DNA) e Ribonucleic Acid (RNA) de tumores e reduzir a produção de vírus por interferir na interação célula/vírus. No aspecto clínico, parece desenvolver um papel protetor durante a resposta imune, e a hipótese de que ela pode evitar algumas doenças virais (resfriado) e outras doenças infecciosas têm sido discutida. Outros pesquisadores têm relatado ainda que a vitamina C pode contribuir para alguma melhoria imunológica em pessoas infectadas com HIV.

Vários autores evidenciaram uma diminuição dos teores circulantes de vitaminas com a idade. Assim, é normal observarem teores séricos de ácido ascórbico muito baixos em pessoas idosas, sem manifestação clínica. Essa diminuição da ascorbemia foi observada em idosos institucionalizados, apesar da ingestão de vitamina C, parecer satisfatória.

As recomendações dietéticas baseadas na idade podem ser falhas. Assim uma alternativa seria a especificação segundo os indivíduos das recomendações para cada nutriente, incluindo para tal fatores como: idade, sexo, doença, uso de drogas, estado bioquímico e nutricional e atividade física.

Efeitos de uma hipervitaminose C têm sido relatados. O mais notável é a diarréia, provavelmente determinada pelo carreamento de grande quantidade de água para o interior do intestino. Podem acontecer ainda, náuseas, vômitos, um aumento da absorção do ferro e um problema potencial do rim e da bexiga, em razão do aumento de suas excreções, porque o ácido ascórbico é parcialmente convertido em ácido oxálico, podendo com isso induzir à litíase oxálica. Deste modo, os pesquisadores recomendam limitar a ingestão a 2g de ácido ascórbico por dia para pessoas com propensão a formar pedras nos rins.

Quanto a sua carência, os primeiros sinais de hipovitaminose C podem iniciar-se durante o primeiro mês de privação, dependendo da taxa de catabolismo. A deficiência grave surge após os níveis séricos terem caído abaixo de 0,2 mg por 100 ml. Na hipovitaminose C, o paciente apresenta anemia, astenia, dificuldade na cicatrização de feridas, baixa resistência às infeções, queratose folicular, levando a hemorragias perifoliculares com equimoses nas zonas de pressão ou irritação. A pele dos membros inferiores apresenta um aspecto que lembra as nervuras da superfície da madeira, que evolui para ulceração cutânea. Hemorragias gengivais, gengivite hiperplásica também estão presentes.

Atualmente, novas visões sobre as funções das vitaminas e seus efeitos sobre a saúde têm sido evidenciadas. Alguns pesquisadores têm sugerido que a suplementação de vitamina pode servir para promover respostas imune, para evitar câncer, doença cardíaca e para retardar a formação de catarata.

Em 2007, no Centro de Pesquisa de Diabetes Yazd, no Irã, foi realizado um estudo que avaliou o efeito de diferentes doses de vitamina C sobre os níveis de glicemia em jejum, triglicerídeos, colesterol total,  lipoproteína  de  baixa  e  alta  densidade,  hemoglobina  glicada  e  insulina  sérica  antes  e  após  o  consumo desta vitamina. Um total de 84 pacientes, homens e mulheres, com diabetes tipo 2, receberam aleatoriamente 500 mg ou  1.000  mg  diários  de  vitamina  C  durante  seis  semanas.  Foi observada uma  diminuição  significativa  na  glicemia,  nos  triglicerídeos,  nas  lipoproteínas  de  baixa  densidade,  na  hemoglobina  glicada  e  na  insulina  sérica  no  grupo  suplementado  com  1.000  mg  de  vitamina  C.  No entanto,  a  dose  de  500  mg  não  produziu  qualquer  alteração  significativa  em  qualquer  dos  parâmetros  estudados. Os resultados indicaram que o consumo diário de 1.000 mg de vitamina C pode ser benéfico para a diminuição da glicose no sangue e lipídios em pacientes com diabetes tipo 2 e assim reduzir o risco de complicações.

De acordo com Bendich & Langseth (1995), a partir de uma revisão da literatura, populações que consomem a longo prazo níveis de vitamina C maiores que os recomendados seja na alimentação e/ou em suplementos, têm reduzido os riscos de vários tipos de cânceres, doenças cardiovasculares e catarata. O ácido ascórbico é o antioxidante mais eficaz no sangue humano e pode ser importante na proteção como oxidante em doenças relatadas de estresse e degeneração.

As principais fontes de ácido ascórbico são: camu-camu, acerola, caju, goiaba, manga, mamão, morango, laranja, limão, tangerina, tomate, folhas e vegetais crus.

Referências bibliográficas

ARANHA, Flávia Queiroga et al. O papel da vitamina C sobre as alterações orgânicas no idoso. Revista de Nutrição [online]. 2000, v. 13, n. 2 [Acessado 27 Outubro 2021] , pp. 89-97.

AFKHAMI-ARDEKANI, M.; SHOJAODDINY-ARDEKANI, A. Effect of vitamin C on blood glucose, serum lipids & serum insulin in type 2 diabetes patients. Indian Journal of Medical Research, New Delhi, v. 126, n. 5, p. 471-474, nov. 2007

BENDICH, A., LANGSETH, L. The health effects of vitamin C supplementation: a reviewAmerican Journal of Clinical Nutrition, Bethesda, v.14, n.2, p.124-136, 1995.

GUILLAND, J.C., LEQUEU, B.As vitaminas do nutriente ao medicamento São Paulo : Santos, 1995. 375p. SANTOS, J. T., KRUTZMANN, M. W., BIERHALS, C. C., & FEKSA, L. R. (2019). Os efeitos da suplementação com vitamina C. Revista Conhecimento Online1, 139–163. https://doi.org/10.25112/rco.v1i0.1187

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saúde

Suplementação de creatina em idosos

A creatina é capaz de promover melhoras na composição corporal. Foto: Homem foto criado por karlyukav – br.freepik.com

Escrito por Isabella Brescia

Nas últimas décadas, a expectativa de vida da população mundial aumentou, alcançando a média global de aproximadamente 70 e 80 anos em países desenvolvidos. De acordo com dados demográficos, estima-se que até 2050 o número de indivíduos com mais de 60 anos salte dos 605 milhões para 2 bilhões de pessoas em todo o mundo (WHO, 2014). O processo de envelhecimento é acompanhado de uma série de alterações fisiológicas e funcionais. Com o decorrer dos anos torna-se cada vez mais necessário procurar soluções para minimizar e até evitar essas alterações ocasionadas pelo envelhecimento. Dentre essas alterações destacam-se as profundas modificações na composição corporal.

Alterações no padrão de composição corporal, especificamente a redução da massa corporal magra e o aumento do tecido adiposo, se associam à diminuição da força e potência muscular, e como consequência, limitam a capacidade funcional e a autonomia dos idosos, aumentando a propensão ao risco de quedas. Além da redução da massa magra, o envelhecimento gera uma redução entre 20 a 30% na água corporal total dos indivíduos, comprometendo o estado nutricional, interferindo no envelhecimento sadio e ativo. Diversos autores verificaram que o treinamento resistido pode atenuar ou retardar a perda da força muscular, acarretando significantes respostas neuromusculares por meio do aumento da capacidade contrátil dos músculos esqueléticos.

Aliada aos benefícios de programas de treinamento resistido, outras estratégias têm sido implementadas para potencializar os seus efeitos. Entre elas, figura-se a suplementação com creatina, verificada como um auxílio ergogênico eficaz no incremento do desenvolvimento de força, retardo da perda de massa muscular, o processo de remodelamento ósseo e o aumento na retenção hídrica ao tecido muscular.

A creatina é um aminoácido naturalmente presente em humanos, acumula-se, maiormente no músculo esquelético (95%), na forma livre (40%) e em sua forma de fosfocreatina (60%). O corpo humano pode sintetizar creatina o bastante para suprir o funcionamento normal do organismo, ela é formada a partir de três aminoácidos: arginina, glicina e metionina. A creatina é considerada um carnonutriente, sendo disponível apenas por meio de alimentos com origem animal, especialmente nos músculos esqueléticos ou via suplementação, sendo boa parte da necessidade diária obtida por meio de uma dieta onívora típica e o restante sintetizado endogenamente.

A obtenção de creatina via alimentação é cerca de 1-2g em uma alimentação habitual normal, quantidade suficiente para saturar o estoque muscular em 60 a 80%. Neste sentido, a suplementação de creatina possui o intuito de preencher 20 a 40% da creatina muscular. O protocolo de saturação baseia-se na ingestão de 0,3 g de creatina monoidratada por quilo corporal (ou 5 g), administrada 4 vezes ao dia durante um período de 5 a 7 dias consecutivos. Já o protocolo de manutenção dos estoques consiste na ingestão de 3-5g/dia. De acordo com a Sociedade Internacional de Nutrição Esportiva (ISSN), a administração de creatina monoidratada é considerada segura em curto e longo prazo para diferentes faixas etárias, inclusive em idosos. Sua captação muscular é potencializada quando a ingestão é combinada com carboidratos (KREIDER et al., 2017).

Embora estudos com indivíduos muito idosos (> 90 anos) e gravemente frágeis permaneçam escassos, o efeito benéfico da creatina sobre a massa magra e a função muscular parece ser aplicável a esta população, independente do sexo, forma física ou estado de saúde. É indispensável destacar que a creatina em conjunto com o treinamento de resistência pode resultar em maiores adaptações no músculo esquelético em comparação ao treinamento sozinho.

 Em idades avançadas, a síntese de proteínas é mais lenta do que em populações jovens após estímulos anabólicos. Somado a isto, os idosos possuem resistência anabólica, sendo preciso um maior consumo de proteínas para alcançar o mesmo grau de síntese proteica de indivíduos mais novos.

De um modo geral a maioria dos estudos demonstrou que o treinamento resistido melhora a funcionalidade e autonomia dos indivíduos idosos. O treinamento resistido associado à suplementação com creatina foi capaz de promover melhoras na composição corporal, evidenciando aumentos significativos na massa corporal magra, massa muscular e densidade mineral óssea, além de promover redução na massa corporal gorda. Em alguns estudos nos quais houve a adição de proteína (whey protein) os efeitos sobre a massa corporal magra demonstraram ser otimizados.

Referência Bibliográfica

MELO, Aline L.; ARAÚJO, Valbério Cândido; REIS, Washington A. Efeito da Suplementação de creatina no treinamento neuromuscular e composição corporal em jovens e idosos. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo. v. 10. n. 55. p.79-86. Jan./Fev. 2016. ISSN 1981-9927

SILVA et al. Suplementação de creatina e treinamento de força em idosos: uma revisão sistemática. Caderno de Educação Física e Esporte, Marechal Cândido Rondon, v. 16, n. 1, p. 247-257, jan./jun. 2018. http://e-revista.unioeste.br/index.php/cadernoedfisica/index KREIDER, R.B., KALMAN, D.S., Antonio, J. et al. International Society of Sports Nutrition position stand: safety and efficacy of creatine supplementation in exercise, sport, and medicine. J Int Soc Sports Nutr14, 18 (2017). https://doi.org/10.1186/s12970-017-0173-z

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saúde

Aspectos nutricionais da Fibrose Cística

Mês de conscientização e divulgação da Fibrose Cística.

Escrito por Isabella Brescia

A fibrose cística ou mucoviscidose é a doença genética caracterizada por infecções crônicas e recorrentes do pulmão, insuficiência pancreática e elevados níveis de cloro no suor. É comum na raça branca e atinge igualmente ambos os sexos. O paciente portador dessa doença apresenta secreções mucosas espessas e viscosas, obstruindo os ductos das glândulas exócrinas, que contribuem para o aparecimento de três características básicas: doença pulmonar obstrutiva crônica, níveis elevados de eletrólitos no suor, insuficiência pancreática com má digestão/má absorção e consequente desnutrição secundária.

A insuficiência pancreática, leva a má-absorção de nutrientes especialmente de proteínas e lipídeos e a complicações gastrintestinais tais como prolapso retal, síndrome da obstrução intestinal, constipação e cirrose hepática. A importância do estado nutricional para aumento da sobrevida e bem-estar dos pacientes com fibrose cística é bem documentada na literatura, no entanto, a desnutrição continua sendo um sério problema para os pacientes. Nos Estados Unidos, o peso e a estatura de cerca de 20% das crianças e adolescentes com fibrose cística estão abaixo do percentil 5.

Os problemas nutricionais e as consequências da fibrose cística são multifatoriais e relacionadas com a progressão da doença. Fatores interdependentes, como deterioração da função pulmonar, anorexia, vômitos, insuficiência pancreática e complicações biliares e intestinais são responsáveis pelo aumento das necessidades energéticas, ingestão diminuída e aumento das perdas atribuídas à inadequação nutricional, com consequente perda da massa magra e depressão da função imunológica.

A meta do tratamento nutricional é alcançar e manter o peso ideal para a altura, aumentar e equilibrar a ingestão energética, reduzir a má absorção e má digestão e controlar a ingestão de vitaminas e minerais. Para tanto, o cuidado nutricional adequado deve incluir: terapia de reposição enzimática, dietas hiperenergéticas, e suplementação de micronutrientes.

Em relação à terapia de reposição enzimática, Wood et al. citam que a suplementação enzimática deve ser individualizada, evitando a oferta insuficiente que leva à desnutrição e a excessiva, que causa complicações intestinais, como a colonopatia fibrosante. Segundo estes mesmos autores, a quantidade ideal deve ser ajustada pelo médico em conjunto com a família, de acordo com o ganho de peso, número de evacuações e característica das fezes do fibrocístico.

Com relação às necessidades energéticas, Dowsett cita que para compensar as carências comuns aos fibrocísticos, o tratamento nutricional deve incluir uma recomendação de ingestão para gênero e idade de 120% a 150% das necessidades diárias recomendadas (RDA) para energia. Outros autores 28,47 afirmam que, em relação à recomendação de lipídeos, estes devem corresponder a 40% da distribuição energética total diária, as proteínas devem suprir de 150% a 200% da RDA. Ainda, segundo MaCDonald, a ingestão diária de carboidratos deve ser em torno de 40% a 50% do valor energético total da dieta.

Caso o paciente não consiga ingerir todo o volume energético recomendado é importante fazer uso de suplementos energéticos juntamente com a terapia de reposição enzimática.

A suplementação de vitaminas e minerais faz parte da terapia nutricional. As vitaminas hidrossolúveis são bem absorvidas nos fibrocísticos, embora a vitamina B12 precise ser suplementada em pacientes com ressecção do íleo. Já as lipossolúveis são pouco absorvidas, devido à má absorção de gorduras. Para fazer uma adequada reposição desses nutrientes é importante realizar exames sanguíneos frequentes para identificar qual a real necessidade de suplementação. A maioria dos pacientes está em risco de desenvolver deficiências subclínicas de várias vitaminas lipossolúveis, dentre eles estão os que apresentam má absorção, os que apresentam baixa adesão ao tratamento, doença hepática, ressecção intestinal, ou o atraso no diagnóstico.

 A deficiência da vitamina A nos fibrocísticos é comum, e níveis baixos desse nutriente pode persistir, apesar da terapia de reposição enzimática e de suplementação. Esses pacientes estão com risco maior de desenvolverem hipovitaminose A, porque além da má-absorção ainda existe o estresse inflamatório da doença pulmonar e lesão hepática. No entanto, observa-se maior reserva hepática desse nutriente nestes indivíduos, quando comparados com pessoas hígidas, o que indica um fracasso no transporte ou, mobilização da vitamina A do fígado para os tecidos, ou seja, pode indicar uma deficiência na proteína carreadora de retinol (PCR), e isso é tão grave quanto as infecções, má-absorção e a própria deficiência de vitamina A.

Segundo Sinaappel et al. e MacDonald, a ingestão de vitamina A deve ser elevada o suficiente para alcançar a concentração sérica normal sem provocar efeitos colaterais, geralmente empregando-se doses diárias, que variam de 4.000 a 10.000UI (aproximadamente 2400µg).

Reiter et al. encontraram baixos níveis de metabólitos de vitamina D em pacientes fibrocísticos, apesar de receberem 1.000UI de vitamina D por dia, provavelmente associada à reduzida exposição solar. Thompson demonstrou que pacientes com fibrose cística tinham menor nível de vitamina D no inverno que no verão. A deficiência desta vitamina tem sido associada ao decréscimo na densidade mineral óssea e osteopenia, demonstrando decréscimo nos níveis de cálcio (Ca) e fósforo (P). MacDonald e Vieth citam que, para manter os níveis sanguíneos adequados de vitamina D, é recomenda uma dose diária de 400 a 2 000UI (aproximadamente 20µg) por dia.

Em estudo desenvolvido por WinklhoferRoob et al. foi observado que 45% dos pacientes suplementados com vitamina E apresentaram baixos níveis plasmáticos desse nutriente, enquanto 87% dos pacientes não suplementados eram deficientes. Similarmente, 17% dos pacientes suplementados apresentaram deficiência em vitamina E eritrocítica, enquanto 50% dos pacientes não suplementados estavam deficientes.

Assim, MacDonald afirmam que a suplementação de vitamina E deve ser recomendada, com doses diárias de 50mg até 1 ano de idade, 100mg entre 1 a 10 anos, e 200mg para adolescentes e adultos.

 Os fatores de risco para desenvolver deficiência de vitamina K em fibrocísticos são insuficiência pancreática, doença hepática, ressecção intestinal, e antibioticoterapia. A suplementação dessa vitamina pode ser recomendada, porém não há consenso sobre a dose diária.

Níveis reduzidos de zinco, selênio, cobre e ferro são descritos na fibrose cística. Porém a suplementação com ferro não é recomendada, devido à formação de radicais livres e ao aumento do crescimento da bactéria P. aeruginosa (patogênico oportunista, que raramente causa doenças em um sistema imunológico saudável, mas explora eventuais fraquezas do organismo para estabelecer um quadro de infecção). O zinco é um elemento importante na composição de muitas enzimas, podendo tornar-se deficiente devido à má-absorção de gorduras em pacientes com fibrose cística, pois forma complexos com a gordura e o fósforo.

As crianças fibrocísticas podem perder sal na forma de cloreto de sódio, especialmente em clima quente, ou quando estiver presente febre e/ou diarréia, sendo necessário suplementar 2-4 mmol/kg/dia de cloreto de sódio.

Contudo, há poucos estudos clínicos que avaliam as necessidades nutricionais ideais para os fibrocísticos. As recomendações atuais de ingestão diária são baseadas no quadro patológico de infecção e de má absorção, assim como é recomendado para qualquer paciente com essas disfunções. O uso de proteases e outras enzimas, como a amilase pancreática, também precisa ser melhor avaliado, pois na literatura só há relatos da suplementação com lipases.

A fibrose cística normalmente é diagnosticada na infância, pelos programas de triagem neonatal ou pelo teste do suor. Devido aos vários sistemas envolvidos e à variabilidade e cronicidade da doença, uma abordagem multidisciplinar é essencial para auxiliar o paciente e sua família a compreenderem a doença e aderirem ao tratamento. A terapia atual da fibrose cística inclui a manutenção do estado nutricional, a remoção das secreções das vias aéreas com fisioterapia e mucolíticos, o uso de antibióticos para prevenção e tratamento de infecções, a prescrição de suplementos energéticos, dietas hiperlípidicas e hiperprotéicas, bem como a suplementação de minerais e vitaminas lipossolúveis.

Além dos cuidados com a alimentação do fibrocístico, o vínculo entre pais e filhos portadores deste problema deve ser estimulado. Os pais devem ser informados sobre a doença, os cuidados especiais que ela exige e a importância da adesão ao tratamento, para a melhor qualidade de vida do paciente.

Referência Bibliográfica

DOWSETT J. An overview of nutritional issues for the adult with cystic fibrosis. Nutrition. 16(7/ 8):566-70, 2000.

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SINAASAPPEL M, Stern M, Littlewood J, Wolfe S, Steinkamp G, Heijerman HGM, et al. Nutrition in patients with cystic fibrisis: a European Consensus. J Cyst Fibros.; 1(2):51-75. 34, 2002.

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saúde

Conhecendo a dieta enteral

Administração de dieta via nasal. Foto ilustrativa. Fonte: site Prodiet.

Escrito por Isabella Brescia

A dieta enteral  é o alimento para fins especiais, industrializado, apto para uso por sonda e, opcionalmente, por via oral, consumido somente sob orientação médica ou de nutricionista, especialmente processado ou elaborado para ser utilizado de forma exclusiva ou complementar na alimentação de pacientes com capacidade limitada de ingerir, digerir, absorver ou metabolizar alimentos convencionais ou de pacientes que possuem necessidades nutricionais específicas determinadas por sua condição clínica; em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas.

As dietas enterais industrializadas podem ser em pó ou líquidas. A dieta em pó deve ser diluída em água filtrada e/ou fervida em temperatura ambiente, respeitando a quantidade de pó e água prescritos. A dieta líquida está pronta para uso e é fornecida em dois tipos de embalagens:

  • Embalagem de sistema aberto: necessita de envase no frasco descartável e deve ser infundida por um período máximo de 4 horas.
  • Embalagem de sistema fechado: não necessita de envase em frasco descartável, a embalagem já está preparada para receber o equipo e o período de infusão varia de acordo com o fabricante.

É muito importante que alguns cuidados com a higiene sejam tomados para que não ocorra a contaminação da dieta durante o preparo e a administração das dietas enterais. Essa contaminação pode ser proveniente dos equipamentos, utensílios e superfícies higienizadas inadequadamente, das condições de higiene dos manipuladores ou do armazenamento inapropriado dos ingredientes ou da dieta pronta.

A fórmula da dieta enteral pode ser padrão ou modificada:

  • Fórmula padrão para nutrição enteral: fórmula para nutrição enteral que atende aos requisitos de composição para macro e micronutrientes estabelecidos com base nas recomendações para população saudável. A quantidade de proteína deve ser de 10 a 20%, podendo ser de origem vegetal ou animal, de lipídeos de 15 a 35%, e de carboidratos de 45 a 75% do valor energético total do produto. A fórmula padrão pode ser acrescida de fibras, respeitando o total de 2 gramas de fibra por 100kcal. A densidade calórica deve ser de 0,9 a 1,2 kcal/ ml
  • Fórmula modificada para nutrição enteral: fórmula para nutrição enteral que sofreu alteração em relação aos requisitos de composição estabelecidos para fórmula padrão para nutrição enteral, que implique ausência, redução ou aumento dos nutrientes, adição de substâncias ou de proteínas hidrolisadas. O conteúdo de nutrientes da fórmula modificada para nutrição enteral deve ser baseado nos requisitos de composição específicos para as fórmulas padrão para nutrição enteral, contendo as modificações destinadas a atender as necessidades especiais de pacientes em decorrência de alterações fisiológicas, alterações metabólicas, doenças ou agravos à saúde.

Além da dieta enteral nutricionalmente completa, a indústria desenvolveu os módulos para nutrição enteral que são compostos somente por um dos principais grupos de nutrientes: carboidratos, lipídios, proteínas, fibras alimentares ou micronutrientes (vitaminas e minerais). O módulo de proteína pode ser constituído por proteínas intactas, proteínas hidrolisadas ou aminoácidos, isolados ou associados. O módulo de micronutrientes pode ser constituído por vitaminas ou por minerais, isolados ou associados.

A escolha da dieta enteral e do uso de módulos pelo profissional deve levar em consideração:

  • Quadro clínico do paciente (patologias e estado nutricional)
  • Densidade calórica e a quantidade de líquido recomendada
  • Fórmula adequada para o tipo de administração e posição da sonda
  • Fonte e complexidade dos nutrientes
  • Composição da fórmula e indicação clínica.

Referência Bibliográfica

DIESTEL, Cristina Fajardo. Apostila Terapia Nutricional Enteral.

Nestlé Health Science. Manual de orientação nutricional enteral em domicílio.

Resolução RDC 21 de 13 de maio de 2015 Resolução RDC 503 de 27 de maio de 2021